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Panorama Eleições: Bruno Reis confia na iniciativa privada para o pós-pandemia e quer priorizar combate à desigualdade social

Imagem Panorama Eleições: Bruno Reis confia na iniciativa privada para o pós-pandemia e quer priorizar combate à desigualdade social
"As áreas mais pobres da cidade será a minha prioridade"  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 06/09/2020, às 07h00   Pedro Vilas Boas


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O atual vice-prefeito de Salvador e pré-candidato nas eleições deste ano sabe que enfrentará um desafio atípico, caso seja eleito para comandar a capital baiana a partir de 2021. Em entrevista ao quadro Panorama Eleições 2020, do BNews, o democrata também admite problemas não resolvidos pela gestão ACM Neto. "As áreas mais pobres da cidade será a minha prioridade".

Confira abaixo a entrevista completa com Bruno Reis (DEM):

BNews: Começar falando do pós-pandemia. Já tem alguma estratégia em mente de retomada de emprego, estratégia pra retomada da economia? O que vem a sua cabeça em relação a isso?

Bruno Reis: O desafio do próximo prefeito já era grande. Nós sabemos que Salvador é uma cidade ainda muito pobre. Quando a gente  compara o PIB per capita com outras capitais, estamos nas últimas posições. Temos déficits históricos em diversas áreas. E, principalmente, um dos grandes desafios em Salvador é reduzir a desigualdade social. Isso ocorre com uma série de investimentos nas áreas sociais, mas, principalmente, com a geração de renda, o crescimento econômico. 

Nós vimos aí a consequência da pandemia no PIB brasileiro. Essa semana foi divulgado o percentual de queda do último trimestre, 9.7, maior da história. Isso tem consequência no Brasil e principalmente, nas cidades, onde vivem as pessoas. O desafio é muito grande. Se o desafio já era promover crescimento econômico pra gerar mais emprego e renda, distribuir riquezas, esse desafio agora é muito maior. E com as restrições que a pandemia traz.

Salvador sempre teve uma estratégia de promoção da cidade pautada nos grandes eventos. Nas festas de largo, de rua. E, efetivamente, nesse momento, ainda mais sem a chegada de uma vacina, a gente não sabe como será a realidade desses grandes eventos nesse cenário de pandemia. A indústria do entretenimento em Salvador é uma indústria forte. Foi a primeira a paralisar.

O que a prefeitura tá fazendo é, além de investimento público e diversas ações, é dar condições pra iniciativa privada poder investir. Anunciamos recentemente um conjunto de investimento na ordem de 7 bilhões de reais, 1 bilhão público e 6 bilhões da iniciativa privada, em diversos empreendimentos que estão iniciando ou a iniciar em nossa cidade.

Além disso, um ambiente de negócio favorável. Hoje, nós temos segurança jurídica pra investir em nossa cidade.

Essa área digital é um exemplo que quero trazer aqui. Florianópolis tem 20% de arrecadação dessa área, que ai crescer muito no pós-pandemia.

BNews: Tem algum ponto que o senhor quer dar uma atenção maior que o senhor daria, que talvez não teria sido contemplado como o senhor gostaria nesses anos que o ACM Neto foi prefeito?

Bruno Reis: Tem vários pontos. Ninguém tá aqui dizendo que resolveu tudo, que a cidade hoje não tem problema. Tem, sim, muitos problemas, os desafios são grandes, em todas as áreas. Avançamos? Avançamos muito, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. Avançamos, por exemplo, na saúde, onde tínhamos 18% na atenção básica. Hoje chegamos a 56%.

Na área da educação fomos a que mais cresceu no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica], ocupávamos a última posição na área de vagas na educação infantil. Hoje estamos em primeiro lugar.

Na área da saúde oferecer serviços mais especializados, zerar filas de consultas nessas áreas. Implantar a UPA na região de Cajazeiras, corrigir a distorção de idade/série, pra que as crianças possam ser alfabetizadas com 5,6 anos. Temos que melhorar nossas nota do Ideb tanto nos anos finais, quanto iniciais.

As áreas mais pobres da cidade serão a minha prioridade. Poder ampliar ainda mais os investimentos nessa base.

BNews: O senhor tem um arco de aliança forte, e ainda deve chegar PL e PDT, isso aumenta ainda mais. O senhor não teme que outros partidos que já estão no arco de aliança se sintam menos contemplados com essas novas aproximações e haja algum tipo de retaliação?

Bruno Reis: O princípio primordial é a unificação da nossa base. Consegui isso lá atrás quando fui lançado pré-candidato, em janeiro. De lá pra cá, essas relações se solidificaram mais, o desejo desses partidos de continuar contribuindo com a aliança é cada vez maior. É natural que cada partido tenha suas pretensões, todos querem indicar a vice, isso é bom porque mostra que minha candidatura está no caminho certo. O que tenho dito a eles é que o que vai prevalecer são os interesses da cidade. Nós vamos, com diálogo, sabedoria, manter a nossa base. Vão estar ao nosso lado todos os partidos que dão sustentação hoje ao nosso governo. E muito provavelmente novos aliados devem chegar. É natural que novos partidos queiram colaborar com isso. A eleição é municipal, as alianças são municipais, elas ocorrem conforme o que é melhor pra cidade, não tá em discussão eleição estadual, nacional.

Muito provavelmente nós vamos construir o apoio de novos partidos, mas, tenha certeza, preservando os nossos aliados históricos, que temos a melhor relação, mantivemos no alto nível da gestão pública a participação de todos. Veja o PV. Não era nosso aliado, se incorporou ao projeto em 2012, e veja que transformação fizemos na área de sustentabilidade. 

BNews: O senhor sempre de uma maneira muito ponderada, reservada, agora, o líder do Republicanos na Bahia não fez questão de muitas ressalvas. Semana passada deu entrevista ao BNews dizendo que seria um total desrespeito, desprestígio se o partido não tivesse na vice. Como o senhor viu esse posicionamento mais incisivo?

Bruno Reis: O Republicanos é um parceiro, está há 8 anos em nosso lado. Já enfrentamos algumas eleições juntos, tenho certeza que vamos enfrentar outras muitas eleições. Além da afinidade local, há muita afinidade no âmbito nacional na relação com o Republicanos. A nossa união é sólida. É natural que o Republicanos pleitei a vice. Se você me perguntar: "depois do Democratas, qual o partido mais forte da nossa base?" É o Republicanos. Depois do Democratas é o partido que mais terá representação na Câmara Municipal. É justo que eles pleiteiem essa posição. Tem legitimidade pra isso. Nós vamos chegar aos entendimentos. Vamos, juntos, construir o que for melhor pra me ajudar a governar a cidade. A cidade se acostumou a ver um prefeito trabalhando ao lado de um vice-prefeito de mãos dadas. 

A gente vai saber escolher o melhor vice. Sempre disse que vários critérios determinam uma decisão como essa, mas um critério que vai prevalecer ao final é quem possa me ajudar a governar a cidade.

Eu sei que o Republicanos tem um elevado espírito público, e, juntos, saberemos construir. Pode ser do Republicanos, mas pode ser de um outro partido.

BNews: PDT?

Bruno Reis: Sobre PDT, PL, que há muita especulação, as conversas foram inciadas praticamente há 20 dias atrás, com a vinda do presidente Lupi [presidente nacional do PDT]. Não tenha dúvidas que a presença do secretário Leonardo Prates no partido arejou muito o ambiente, o processo de entendimento. As conversas estão ocorrendo, elas serão intensificadas na próxima semana. Muito provavelmente devemos realizar a convenção dia 14, ainda vou concluir as conversas com os demais partidos. 

Com o PDT e PL intensificamos as conversas nesses últimos dias. Mas, efetivamente, as decisões vão estar ocorrendo na semana que vem. Mas existe, sim, um desejo, é natural. Qualquer partido que esteja fora de amarras políticas ou ideológicas tem o desejo de contribuir com uma gestão como a nossa. Desejo de clocar em prática suas ideias e pensamentos.

BNews: O senhor se reunindo com partidos da base do governador Rui Costa (PT)...o senhor não teme que ele faça o mesmo?

Bruno Reis: É natural nesse momento que todo mundo possa conversar, dialogar. A gente trabalha com espírito democrático. É natural que tenham conversas lá, tenham conversas aqui. A eleição é municipal, não é estadual, nacional. Tem cidades que o Democratas tá junto com PSD,PP,PDT,PL,PSB, até com PCdoB. Em Brasília, nas eleições de Maia [presidente da Câmara Federal], o PCdoB sempre esteve junto. É natural, com a consolidação da democracia, o diálogo, convergência de pensamentos. Quanto mais for a capacidade de unir os opositores, maior será o desempenho de quem tiver na vida público.

BNews: Como é o senhor num grupo, o seu irmão, Michel Reis no Podemos...facilita as conversas? O senhor é próximo de Bacelar, não é?

Bruno Reis: Meu irmão é advogado e eu segui a vida pública. Ele tem a profissão dele e eu tenho a minha. Meu irmão advoga pro PT,PSD, pra partidos da minha base, partidos fora da minha base, ele tem a carreira dele, eu tenho a minha. Advoga pro Podemos. N verdade, a minha relação com João Carlos Bacelar é que nós fomos vizinhos de prédio. Quando eu era menino, com 18 anos, começo a trabalhar como estagiário na Câmara Municipal por convite dele. Mas ele tem as posições políticas dele, campo político dele de atuação. Fiz da minha atuação na vida pública um ambiente pra construir relações. A gente tem adversário, mas não inimigos. Tenho condição de conversar com representes de todos os campos partidários.

BNews: Major Denice (PT) foi pro ataque, pro combate. Acusou a gestão ACM Neto de ser responsável pelo desabamento de parte do casarão na Ladeira da Montanha. Essa é uma postura que a gente ainda não tinha vista nessa fase de pré-campanha. O senhor acha que ela inaugurou isso?

Bruno Reis: Eu acho que cada um no seu papel. O papel da oposiçaõ é criticar. Fui oposição, sou oposição no âmbito estadual, pra falar de eventual falhas, problemas. O papel de quem está no Executivo é entregar, dar resultado. Pode ir no Centro Histórico dar uma volta, todo mundo vai ver um novo Centro Histórico. Restauração de casarões...só olhar pro lado, aqui o casarão de azulejos azuis sendo completamente restaurado, do outro lado um que estava em ruínas, estamos construindo o arquivo da cidade de Salvador. Esses especificamente tava pra ser adquirido pelo Vila Galé, que tem a pretensão de se instalar no Palácio Rio Branco. A prefeitura promoveu restauração de casarões que teriam alguma destinação, principalmente pra equipamento público. Muito desses são privados, tombados pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]. A prefeitura estimulou, através do "Revitalizar" [O Programa de Incentivo à Restauração e Recuperação de Imóveis do Centro Antigo de Salvador] a restauração deses casarões. Aprovamos a lei do "built to suit", pra fazer locação de imóveis por encomenda.

Agora, é óbvio que gestão é estabelecer prioridade. Nós não temos como resolver os problemas de todos os casarões da cidade. 

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