BNews Turismo

"Só a vacina pode fazer o turismo se recuperar em Salvador", diz Luciano Lopes, presidente da ABIH

Imagem "Só a vacina pode fazer o turismo se recuperar em Salvador", diz Luciano Lopes, presidente da ABIH
Em entrevista ao BNews, Luciano avaliou ano de 2020 e projetou o 2021 do setor  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 08/01/2021, às 17h04   Gabriel Mouura


FacebookTwitterWhatsApp

"2020 foi um muito difícil para o turismo como um todo", foi assim que Luciano Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH) abriu a entrevista. Para justificar veredito, ele cita alguns números: redução de 56% no faturamento dos hotéis em Salvador, o equivalente a R$ 673 milhões; redução de 44% no número de turistas esperados; ocupação média de 37,4% dos leitos; e mais de 30 mil pessoas demitidas diretamente apenas no setor de hospedagens.

A causa desta forte retração tem um motivo bem conhecido, a pandemia de coronavírus. Mas ainda durante a tempestade, o setor já consegue enxergar alguns raios de sol ultrapassando as nuvens. O maior indício disso foi a ocupação de quase 50% dos leitos em dezembro, contra 11,23% de abril, indicando uma tendência de subida, além do fato de 98% dos hotéis já estarem reabertos, diferentemente do auge da pandemia quando 95% das hospedarias baianas tiveram que fechar as portas.

Mas, para Luciano Lopes, apenas um fator separa o setor de uma recuperação completa: a vacina. "Ela que vai determinar quando o turismo voltará ao normal. A chegada o imunizante significa um aumento no número de voos e na capacidade de restaurantes, reabertura de passeios e, claro, maior segurança e comodidade para o visitante", analisa.

Veja a entrevista completa concedida por Luciano Lopes ao BNews:

BNews: Qual o balanço que o senhor faz do setor hoteleiro em 2020?
Luciano Lopes: O ano de 2020 foi um ano muito difícil. O setor passou por uma redução muito grande no faturamento, de 56%. Isso em Salvador. A ocupação esperada era de 66,4% e foi de 37,4%. Com esses dados a gente já percebe que foi um ano difícil, com hotéis fechando as portas por não tinha clientes. E os que ficaram abertos tiveram um prejuízo operacional muito forte

BNews: E quais eram as expectativas do setor no início de 2020?
Luciano: As perspectivas para 2020 eram boas. A cidade vinha num crescimento muito bom. O Centro de Convenções tinha sido inaugurado, trazendo uma movimentação de turismo coorporativo. Mas, a partir do mês de abril, quando os hotéis tiveram ocupação de 11%, nós enfrentamos muitas dificuldades. A gente vem numa recuperação, longe do patamar que atingimos em 2019. Mas se tratando de um período de pandemia, a gente pode comemorar os resultados deste último mês. E esperamos que com as vacinas e a redução das taxas de contaminação a movimentação de turistas nos destinos aumente.

BNews: Em qual período de 2021 você espera que essa recuperação seja mais visível?
Luciano: Tudo vai depender da vacina. A vacina que vai determinar quando o seguimento estiver recuperado. A chegada o imunizante significa um aumento no número de voos e na capacidade de restaurantes, reabertura de passeios e, claro, maior segurança e comodidade para o visitante. A gente espera, junto com a vacina, atingir o patamar onde paramos. E contribuir assim para a geração de empregos.

BNews: Quantas vagas de empregos foram fechadas em 2020 no setor?
Luciano:Em torno dos 40% dos funcionários foram desligados. Nisso estamos falando de um universo de 30 mil pessoas, fora os afetados indiretamente, como restaurantes. Mas atualmente já estamos numa trajetória de recontratações e esperamos que até o segundo semestre tudo se normalize.

BNews: Em 2021 não haverá Carnaval, ao menos durante os meses tradicionais. Qual será o impacto disso para o setor?
Luciano: O Carnaval tem uma relevância muito grande. 11% do faturamento dos hotéis de Salvador durante o ano são obtidos durante apenas essa semana, em que os hotéis ficam lotados. Então há um impacto muito grande. Mesmo que ele ocorra em uma outra data mais para o fim do ano não terá como substituir a relevância e importância que o Carnaval em fevereiro tem. Ele é tão importante que costumamos dizer que ele é o 13º do setor hoteleiro.

BNews: Em 2021 assumiu um novo prefeito em Salvador, Bruno Reis. Vocês já sentaram para conversar com ele? Existe alguma demanda?
Luciano: Inicialmente estamos aguardando que o prefeito termine de nomear as pessoas do segundo e terceiro escalão do governo. Mas ainda nesse mês de janeiro queremos sentar com o prefeito para atualizar os nossos projetos e demandas, tendo uma agenda positiva com ele igual tínhamos com ACM Neto. Temos algumas demandas, sobretudo questões tributárias. Mas ainda estamos juntando os pedidos de todos os associados para apresentarmos algo mais robusto ao Bruno Reis.

BNews: Falando do interior agora, o impacto nessas regiões foi igualmente grande ao que experimentamos na capital?
Luciano: Todas as 13 zonas turísticas foram afetadas pela pandemia, desde Porto Seguro até Paulo Afonso. Não teve lugar menos afetado. Em determinado momento, mais de 95% dos hotéis do estado estavam fechados porque você não tinha turista. Mas sentimos um movimento de retomada nesses locais também, com Trancoso, Itacaré e Porto Seguro, por exemplo, com bons resultados nessa virada.

BNews: Apesar dos números ruins, há algo de positivo a ser extraído de 2020?
Luciano: Toda crise gera uma oportunidade. E uma oportunidade muito forte foram as inovações tecnológicas, onde os hotéis puderam experimentar novas tecnologias, como cardápio digital, mudanças no check-in e check-out, novas atividades de lazer. Isso só é possível ser feito em períodos com poucos turistas.

BNews: Salvador aparece entre os primeiros lugares dentre as preferências dos turistas brasileiros, mas não fazemos o mesmo sucesso com os estrangeiros. Como atrair pessoas de fora do Brasil para Salvador?
Luciano: O primeiro passo é aumentar nossa comunicação e divulgação em lugares como Estados Unidos e Europa, que são locais que possibilitam voos diretos para cá. Você tem uma possibilidade de ter parcerias com agências de viagens internacionais, operadoras internacionais para aumentar a quantidade de rotas internacionais de aviões. Hoje são poucos voos para Europa e Estados Unidos, por exemplo. Com isso o cliente não consegue chegar a cidade. Nós precisamos de voos para ligar Salvador ao mundo.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp