Entrevista

José Carlos Araújo põe em xeque permanência do PL na base de Rui: "Pelo que estou vendo, o governador não quer"

Divulgação
Em entrevista exclusiva ao BNews, presidente do PL na Bahia abre fogo contra exonerações de quadros do partido e revela que foi procurado pelo governador há pouco tempo  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 20/10/2020, às 19h16   Henrique Brinco


FacebookTwitterWhatsApp

O presidente estadual do PL na Bahia, José Carlos Araújo, se posicionou pela primeira vez sobre as exonerações de cargos do partido nos quadros do Governo do Estado. As saídas se deram em função do apoio da agremiação ao candidato do prefeito ACM Neto (DEM), Bruno Reis (DEM). Nos bastidores, corre a informação que o grupo deverá comandar a Companhia de Governança Eletrônica do Salvador (Cogel), que será transformada em secretaria, caso o postulante democrata vença a corrida municipal neste ano.

Em entrevista exclusiva ao BNews, Araújo adotou um tom mais duro ao comentar as decisões do governador Rui Costa (PT), alegando não imaginar que o arranjo com os carlistas iria impactar a aliança duradoura na esfera estadual. "Em 2022, a nossa intenção é continuar na base de Rui, mas pelo que estou vendo aí, o governador não quer isso, não", disparou o ex-deputado.

O baiano revelou ainda que foi procurado recentemente pelo gestor estadual, que tentava articular um apoio do PL à candidata Major Denice Santiago (PT). "Passei um ano procurando o governador para discutir esse assunto em Salvador. Inclusive, um candidato competitivo como é o [Irmão] Lázaro, e ele não quis ouvir. Já no final ele queria que eu e os deputados todos [apoiassem Denice]. Já estava tudo definido. Iria fazer o quê?", lamenta.

O PL detinha, em tese, o comando da Secretaria de Turismo da Bahia. Foram sete exonerações na última quinta-feira, “a pedido”, só na pasta nas áreas de superintendência e diretorias. Todavia, segundo ele, o secretário Fausto Franco (PL) nunca foi uma indicação do partido. E ressalta que o governador errou em alguns desligamentos. "Pessoas que não tenham nada a ver comigo e com política [foram exoneradas]. Um rapaz mesmo estava lá trabalhando tinha um problema, foi transplantado, e dependia disso para sobreviver e comprar remédio. Estava, inclusive, de licença", critica.

Ainda no papo, Araújo faz projeções para a eleição de 2020 na capital baiana.

Leia a entrevista completa:

BNews - O senhor ainda não se posicionou publicamente sobre a perda de cargos do PL no Governo do Estado. Como está vendo essa situação?

José Carlos Araújo - O dono dos cargos é o governador. O governador resolveu, em função do PL não ter acompanhado a candidata dele. Passei um ano procurando o governador para discutir esse assunto em Salvador. Inclusive, um candidato competitivo como era o Lázaro, e ele não quis ouvir. Já no final ele queria que eu e os deputados todos [apoiassem Denice]. Já estava tudo definido. Iria fazer o quê? 

BNews - Então, o governador o procurou?

José Carlos Araújo - Eu procurei o governador há mais de um ano. Já no final de tudo, quando estava definido, o governador nos chamou para conversar sobre a situação. Eu ainda tentei, fui à Brasília. Chamei alguns deputados para conversar... Mas, não dava mais. Agora? Com compromisso feito? Não dava mais. Mas nós entendíamos que era um problema só de Salvador. O relacionamento do PL com o Governo do Estado continuaria. Em 2022, a nossa intenção é continuar na base de Rui, mas pelo que estou vendo aí, o governador não quer isso, não.

"O relacionamento do PL com o Governo do Estado continuaria. Em 2022, a nossa intenção é continuar na base de Rui, mas pelo que estou vendo aí, o governador não quer isso, não."

BNews - Também saíram notícias de que o PL irá ocupar a COGEL, que seria transformada em secretaria numa eventual nova gestão de Bruno Reis. Como se deram essas articulações?

José Carlos Araújo - Logicamente, política é muito dinâmica. Ainda há muita coisa para acontecer. Não há discussão sobre esses assuntos, que serão tratados depois da eleição.

BNews - Então, o senhor falou que o governador o procurou...

José Carlos Araújo - [Interrompe] Não, ele procurou meses atrás para conversar se iríamos apoiar a Denice. Não vou julgá-lo mais. Todo mundo já tinha compromisso. Inclusive, o próprio Lázaro, que era uma cartada que ele tinha na mão. Poderia ser candidato a prefeito ou vice-prefeito, estava disposto a qualquer negócio. Eu trouxe ele novamente para Salvador, mas o governdor não quis escutar. Inclusive, conversei com o senador Otto Alencar três vezes. O senador falou com o governador e ele não deu resposta.

BNews - O PL perdeu quantos cargos ao todo?

José Carlos Araújo - Eu vi aí uns sete. Inclusive, pessoas que não tenham nada a ver comigo e com política [foram exoneradas]. Um rapaz mesmo estava lá trabalhando tinha um problema, foi transplantado, e dependia disso para sobreviver e comprar remédio. Estava, inclusive, de licença.

"Um rapaz mesmo estava lá trabalhando tinha um problema, foi transplantado, e dependia disso para sobreviver e comprar remédio. Estava, inclusive, de licença."

BNews - O secretário de Turismo Fausto Franco, do PL, continua na pasta. Ele é um cargo do PL?

José Carlos Araújo - Ele nunca foi um cargo do PL. Veio um nome pronto. 

BNews - Qual é a perpectiva de crescimento do PL em Salvador?

José Carlos Araújo - Nós estamos trabalhando para fazer dois ou quatro vereadores. Vamos depender do desempenho do Irmão Lázaro e de Isnard Araújo, que já é vereador. Dois não tenho dúvida que serão eleitos, mas quero fazer mais dois.

BNews - E na Bahia, quantas prefeituras o PL deve conseguir? Já tem essa projeção?

José Carlos Araújo - Devemos eleger um número acima de 30 prefeitos.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp