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Jovens em queda livre?

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José Medrado é diplomado em Letras Vernáculas pela Universidade Católica do Salvador, onde também cursou filosofia  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Maiara Lopes

por Maiara Lopes

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Publicado em 13/03/2023, às 08h03



O mundo virtual frequentemente está sendo invadido por alguma postagem, usando o jargão próprio, que viraliza. Todo mundo comenta, emite opinião, agride...é esse o mundo. Nesses dias foram três jovens que chamaram de velha uma colega de 40 anos que estava fazendo o curso que elas também, ao que parece, fazem. Chegaram a dizer que era para estar aposentada a colega citada. Reação imediata. Certamente, as mães delas devem ter esta faixa etária, ao que parece, em torno dos 40 anos. A net ferveu.

Há uma semana um outro jovem, este surfando na tal onda da extrema direita, atacou as mulheres trans em, segundo o próprio, em manifestação pela defesa das mulheres, em seu dia internacional. Um outro jovem de 25 anos matou a própria namorada a facadas após ser chamado de "inútil" por ela durante uma discussão. O caso aconteceu no bairro de Planalto, em Belo Horizonte.


O que está acontecendo com estes jovens? Claro que é apenas uma fatia, geralmente, segundo levantamento, de famílias classe média alta. Ao que tudo indica, segundo estudiosos da área, há um favorecimento e elaboração de uma estrutura que mostra uma desarticulação entre as experiências pessoais (por exemplo, as relações familiares e sociais), a influência ambiental (formação de grupos e forte imersão nas redes sociais) e, naturalmente, objetivos fluidos para a própria vida, dando a impressão que criaram realmente um mundo paralelo onde o que parece que é, deve ser. As moças já se arrependeram, talvez pela repercussão que aconteceu e já afirmam que estavam apenas zoando com uma colega.

Vão passar de forma dura, e merecida ação-reação, pelo estresse "tóxico" da redes, em insultos e agressões, inclusive os familiares, é o fluxo do processo, e já pedem desculpas, mas a lição não ficará para os outros pais que, em verdade, de alguma forma com comentários, preconceitos ou algo do gênero lançam aos seus filhos tais considerações e mesmo conceitos que são captados e relidos com a compreensão de mundo desses jovens. O que fica claro é que jovens estão sem suporte de cuidadores adultos de seus conteúdos. As lacrações na net são seu sentido de vida, os likes seus abraços e beijos, e o aumento de seus seguidores a recompensa de vida. Tudo em uma enxurrada tóxica de ondas vazias sem sentido de objetivo de vida. Triste, haja vista que a maioria não suportam o revés do tribunal e consequente punição das redes e caem em grande depressão, pois não conseguem recalcar a frustração de que não lacraram e só sofreram pelas investidas equivocadas em suas redes.

Esses adolescentes precisam ser trazidos ao chão em estratégias eficazes de enfrentamento ao mundo real, talvez até em contato físico e emocional com situações de lutas, de dificuldades de outrem em um importante papel no desenvolvimento de emoções empáticas, como caminho para a diminuição de seus vazios e ou mesmo dores emocionais, pois estão em queda livre a uma vida em que qualquer dissabor poderá gerar incalculável perda da saúde emocional.

O texto não reflete, necessariamente, a opinião do BNews.

*José Medrado é diplomado em Letras Vernáculas pela Universidade Católica do Salvador, onde também cursou filosofia. Funcionário Público Federal aposentado do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região. Membro da Academia Brasileira de Ciências Mentais. Mestre em "Família na Sociedade Contemporânea" (UCSal), e idealizador e fundador da Cidade da Luz, em Salvador, Bahia. Possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops.

Classificação Indicativa: Livre

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