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Na Sombra do Poder: o garçom está de volta à praça

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Os bastidores da política baiana  |   Bnews - Divulgação Arquivo BNews / Reprodução

Publicado em 19/11/2020, às 05h55   Editoria de Política


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O garçom está de volta à praça
O prefeito de Juazeiro, Paulo Bomfim, deve voltar a frequentar os restaurantes luxo de Salvador a partir de 1º de janeiro de 2021. Mas não virá para ser servido, pelo contrário. Derrotado na tentativa de reeleição, o petista estará livre para retomar as atividades como garçom - profissão que exercia antes de ter desembarcado na vida pública. Na curta carreira como gestor ele provou as delícias do poder e a coisa subiu à cabeça. No final das contas as urnas o lembraram seu real tamanho. Alô, Boi Preto: O garçom está de volta à praça! 

Esperando bênçãos do Thomé

Na disputa por uma das 43 cadeiras da Câmara de Salvador teve gente que apelou a todas as energias possíveis. Houve quem batesse atabaque a noite inteira que antecedeu a votação, mas terminou o domingo na suplência. Agora dependem de forças, não tão espirituais assim, para alcançarem as bênçãos do Thomé de Souza e se acomodarem em algum espaço.     

Menudos em pânico
Desde a segunda-feira, quando Bruno amanheceu eleito, os corredores da prefeitura e os grupos de WhatsApp seguem agitados com as especulações sobre quais menudos vão embora e quais vão ficar no novo governo. O lobby corre solto com muitos palacianos apavorados com medo de serem despejados a qualquer momento. A turma está em pânico.

Ai que saudade do meu ex

Silvio Pinheiro, antigo chefe da Sedur, passou a tarde desta quarta na prefeitura de Salvador. Dizem que foi matar saudade do ex-patrão ACM Neto, mas ninguém descarta que também tenha ido engatar um novo amor com o prefeito eleito, Bruno Reis. Uma coisa é fato: o moço estava com saudade do Palácio. Dizem que o olho brilhou!

O tempo é cruel

O DEM foi um dos partidos com melhor desempenho nas eleições municipais pelo Brasil. Só na Bahia, a legenda abocanhou 37 prefeituras - entre elas a da capital baiana, conquistada a partir de uma vitória acachapante do atual vice-prefeito Bruno Reis (DEM) sobre Major Denice (PT) e outras três candidaturas abençoadas pelo governador Rui Costa (PT). Em pensar que em algum ponto de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que era necessário "extirpar o DEM da política brasileira". Pouco mais de uma década depois, o cacique petista está inelegível e preocupado demais com o valor do aluguel de sua nova casa em Lauro de Freitas para se mudar antes do final da alta estação de 2021. O tempo pode ser muito cruel.

Petista Raiz
Rui Costa tá o típico PT raiz: tá tudo ótimo apesar do circo da pegando fogo. Não faz questão alguma de fazer autocrítica e os próprios aliados apontam isso. Foi do céu ao inferno em poucos meses com o abrir das urnas. Tudo pode mudar para 2022? Pode! Mas a condução do que tem ocorrido agora com sua base tem mostrado um caminho nada ideal.

A missão falhou 
Major Denice partirá para outra missão após ter falhado sob as ordens do comandante Rui Costa. Não conseguiu sequer a proeza do segundo turno. Mas saiu grande. Ter 18% do eleitorado soteropolitano é muito e seria desperdício não aproveitá-lo futuramente.

Terminou abandonada 

A campanha, porém, poderia ter tido um final com mais dignidade. Denice fez um pronunciamento reconhecendo a vitória de Bruno Reis desacompanhada do seu fiador político, que parece ter fugido da foto da derrota. A vice, Fabíola Marsur, não estava no ato porque havia testado positivo para Covid-19. Não houve uma alma sequer que não tenha notado e criticado a ausência de Rui no momento em que a major mais precisou.

Reclames
Em outra ponta, os demais candidatos da base do governador também gritaram aos céus contra a falta de articulação política que eles julgam ter ocorrido nas eleições da capital baiana. O protesto mais audível foi o do senador Angelo Coronel, que coordenou a campanha de Isidório: disse que Rui precisa baixar a crista.

Telegrama Legal
De: Coronel
Para: Rui Costa 

Ilusão
Observadores mais antigos do jogo política ponderam que os esperneios de Coronel contra o Palácio de Ondina na verdade mascaram a ilusão que o PSD sofreu com a ideia de popularidade de Isidório. Mesmo polido e seguindo a cartilha pessedista, o candidato desidratou muito e não conseguiu reagir. Terminou menor. 

Do inferno ao paraíso
Carlos Ubaldino foi do inferno ao céu. Em 2016 sua filha, Débora Santana, bateu na trave na eleição de Salvador e não se elegeu vereadora pelo PSD com pouco mais de 5 mil votos. Em 2018 o próprio Ubaldino perdeu a reeleição para deputado estadual, mas ficou como suplente. Desta vez, em 2020, além de Débora ter sido eleita pelo Avante com pouco mais de 7 mil votos, Ubaldino assumirá o mandato na AL-BA com a eleição de dois deputados da sua coligação a prefeitos do interior.

Sobre custos
Passou vergonha! Muita vergonha. O TSE resolveu mudar a lógica, se valeu de um super servidor, concentrou tudo em Brasília, mas fez foi um papelão na hora da apuração. Foram R$ 26 milhões gastos nesse super computador pelo TSE! R$ 26 MILHÕES, ISSO MESMO! 2º turno a conferir.

Voos solo
Durante a corrida eleitoral, chamou atenção da alta cúpula do Thomé de Souza os voos solo de dois vereadores da base do prefeito. Lorena Brandão e Alexandre Aleluia decidiram desvincular completamente as suas imagens do então candidato (agora prefeito eleito) Bruno Reis, mesmo com o sucessor de Neto nadando de braçadas nas pesquisas.

Voos solo 2
O voo foi tranquilo para Aleluia, que não queria perder os votos dos bolsonaristas com o apoio ostensivo a Bruno, mas Lorena literalmente não decolou. O distanciamento da cristã teria se dado pela frustração com o sonho que ela tinha de integrar a chapa majoritária como vice de Bruno Reis.

Pé do caboclo

Primeira suplente, Lorena Brandão tratou de deixar o orgulho de lado e menos de 24h após a derrota tratou de tentar encurtar a distância que ela mesma impôs. Foi chorar ao pé do caboclo (leia-se Neto), numa inauguração de obra da prefeitura. Nem a máscara no rosto foi capaz de disfarçar o olhar devastado e a cara de choro de Lorena. Resta saber se Neto e Bruno Reis vão se sensibilizar com as lágrimas da vereadora, que fez de tudo para se descolar do projeto político na campanha.

A expectativa do Líder
Geraldo Júnior atropelou os concorrentes e, em menos de 48h, conseguiu maioria para se reeleger na presidência da Câmara Municipal de Salvador. Todavia, um dos apoios mais esperados por ele foi o de Roberta Caires (Patriota), vereadora que recebeu apoio importante do prefeito ACM Neto (DEM).

Líder apoia Líder
A corrida da liderança do prefeito eleito Bruno Reis já começou. Alguns parlamentares vêm trabalhando nos bastidores para alcançar o posto de líder. Só que Geraldo já deu o recado: quer a continuidade de Paulo Magalhães Jr. no posto.

Casal derrotado
O casal Pimentel foi o grande derrotado da eleição de 2020. Dayane Pimentel destinou o maior valor em recursos do PSL para a campanha do marido, Alberto Pimentel, em Salvador. Ele, todavia, ficou na suplência e perdeu espaço para George, o Gordinho da Favela.

O custo do voto
Alberto Pimentel contou com um orçamento que girou em torno de R$ 350 mil. Se esse valor for dividido pelo número de votos que ele teve (4.430), cada voto saiu por cerca de R$ 80. Já o Gordinho da Favela, que teve uma campanha mais modesta com investimento de R$14.100,00, que se dividido pelo número de votos que teve, cada um sairia a R$ 2,90 cada.

As decepções
Decepcionaram nas urnas Irá Kannário (DEM), apoiada por Igor Kannário, e Tancredo Isidório (Avante), filho do comandante da Fundação Doutor Jesus. Os dois ficaram na suplência. Irmão Lázaro (PL) conseguiu ser eleito, mas não foi o grande puxador de votos como esperado.

Bancada da Fé
Chamou a atenção o alto índice de lideranças evangélicas entre as mais votadas na Câmara de Salvador e até mesmo no interior. O Republicanos, por exemplo, teve desempenho excepcional. Não se será surpresa se esse grupo pleitear mais protagonismo nos próximos anos tanto na Prefeitura, como na chapa de ACM Neto ao Governo do Estado em 2022.

Estratégicas

Por falar em ACM Neto e 2022, os resultados em cidades estratégicas superaram a expectativa que o democrata havia rascunhado para este ano. Além de Salvador, manteve Camaçari - quarto colégio eleitoral do estado - e viu aliados vencerem em Juazeiro, Eunápolis, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Morro do Chapéu, Teixeira de Freitas, Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas...Ainda restam as definições do segundo turno em Vitória da Conquista e Feira de Santana.

Traquejo
Em Lauro de Freitas, Moema Gramacho, mesmo com a base em chamas, conseguiu desbancar o empresário bilionário Teobaldo Costa. Venceu quem tinha mais traquejo político e faro para buscar votos em locais considerados chaves para a vitória.

Papai urso voltou
São Francisco do Conde também consagrou o tato político do ex-prefeito Antônio Calmon (PP), que superou Ralison Valentim, do DEM, e agora volta ao comando da cidade após duas gestões seguidas do prefeito Evandro Almeida, também do PP. Como dizem por lá, tá tudo em casa: “o papai urso voltou”.

Flanco

Outro que volta a ter vida de prefeito em 2021 é Janio Natal em Porto Seguro. Aliado de Rui (só no papel), ele abraçou a narrativa bolsonarista sobre a pandemia e deixou pra trás Uldurico Jr, que na reta final ganhou apoio de Jaques Wagner. A descoordenação política do pólo governista acabou por abrir um flanco que ACM Neto mirava no extremo sul do estado.

Estreiaafortunada

O deputado Josafá Marinho (Patriotas) acabou de desembarcar na Assembleia Legislativa da Bahia e já ganhou status de líder do bloco partidário que passou a integrar. A composição PSL/Republicanos/MDB precisou ser redesenhada após a cassação do deputado Pastor Tom, porque deixou de ter número mínimo de seis membros necessários para sua existência. A inclusão do Patriotas, de Josafá, salvou a pátria da turma e ainda assegurou um orçamento generoso de R$ 100 mil que o bloco tem direito. Que estreia, hein!?

Classificação Indicativa: Livre

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