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Suzano é destaque após acordo com Fibria

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Publicado em 04/04/2018, às 19h20   Redação BNews



Após o anúncio para um acordo de fusão com a Fibria, as ações ordinárias da Suzano aparecem como uma das mais indicadas para a Carteira Valor de abril, com quatro recomendações. As preferenciais da Petrobras, contudo, continuam no topo da lista assim como ocorreu em fevereiro e março, apontadas por cinco casas.

O setor financeiro permanece forte, com a presença de Itaú Unibanco (4), B3 (3), Bradesco (2) e Banco do Brasil (2). Dos varejistas, apenas Via Varejo segue na carteira, com três indicações, enquanto Carrefour deixou de integrar a lista.

Outra que prossegue na seleção é a siderúrgica Gerdau, que tem planta nos Estados Unidos e poderia se beneficiar da medida de Donald Trump em tarifar a importação de aço e alumínio para o país. Completam as escolhas das corretoras participantes a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) (2) e a concessionária CCR (2).

A partir deste mês passam a contribuir para a Carteira Valor as corretoras Terra Investimentos e a Mirae Corretora.

A possível fusão da Suzano com a Fibria, que criaria uma líder global no setor de celulose, foi a principal justificativa dada pelas corretoras na escolha das ações ordinárias da Suzano. Segundo análise da Santander Corretora, embora a operação ainda precise do aval dos órgãos antitruste do Brasil e do exterior e da aprovação dos acionistas – processo que pode demorar até um ano -, a corretora acredita que “os efeitos do anúncio já passarão a ser sentidos desde agora dentro do setor”.

A Guide ainda destacou o ciclo mais positivo para os preços da celulose no curto e médio prazo, e o início da produção industrial do projeto de papéis sanitários como fatores que podem impulsionar as margens da empresa e números mais fortes para 2018.

A Petrobras segue liderando as indicações Top 10 principalmente pelos bons resultados operacionais, fruto da gestão de Pedro Parente, na avaliação dos analistas, com foco no processo de vendas de ativos, corte de custos e desalavancagem financeira.

Além do desempenho operacional, a Guide Investimentos destaca uma tendência positiva para a cotação do petróleo no mercado internacional em 2018. “Com a acomodação dos preços, temos um cenário mais benigno para a Petrobras, que aumentou bastante a sensibilidade com o preço internacional pela nova política de preços local”, escreve a corretora em relatório.

A política de preços adotada em outubro de 2016 e atualizada em junho de 2017 prevê o ajuste do valor da gasolina e do diesel diariamente conforme as variações das cotações internacionais da commodity.

Assim como a Guide, a Santander Corretora destacou os resultados financeiros e a nova política de precificação dos combustíveis, que “trouxe maior visibilidade para o business, refletindo-se em maior credibilidade perante os investidores e proteção das margens da divisão de refino.”

Com quatro representantes do setor financeiro, a principal justificativa das corretoras parte da retomada econômica, que melhoraria o mercado de crédito e a linha de provisionamento dos bancos. A Santander Corretora, por exemplo, afirmou que a escolha do Itaú baseia-se no fato de o banco ser “a empresa mais bem posicionada do setor para se aproveitar da recuperação da concessão de crédito e normalização do nível de provisões nos próximos trimestres”. A instituição destaca, contudo, que o banco tem um mix de geração de caixa defensivo, com forte participação da tesouraria, seguros, previdência e cartões.

Para a Terra Investimentos, há uma perspectiva otimista para o Itaú, que deve ter forte crescimento nos lucros. A casa afirma que o banco segue como “o melhor da categoria e em estágio mais avançado do que seus principais pares no atual ciclo de crédito”.

As ações ordinárias do BB foram a escolha da Guide no setor. Para a corretora, os números do banco devem vir mais fortes em 2018, decorrentes da “tendência de queda das provisões para perdas de devedores duvidosos” e da continuidade da política de contenção de custos e despesas.

O BB também foi apontado pela Bradesco Corretora, que afirmou projetar um crescimento de 20% nos lucros do banco neste ano. A estimativa é justificada pela queda da formação de novos créditos em atraso, “o que deve resultar em um custo de risco materialmente inferior ao de 2017”. Além disso, o banco acredita que o BB não terá amortização de ágio pela aquisição do banco Nossa Caixa, concretizada em 2009, “o que poderia, por si só, aumentar o crescimento dos lucros em 5% em 2018”.

Além do banco estatal, o Bradesco também indicou as ações da B3. A casa afirmou ter atualizado as estimativas para a B3, a fim de refletir os desempenhos mais fortes para os volumes financeiros nos segmentos de ações e derivativos, que vêm crescendo desde o início de 2018.

Felipe Silveira, analista da Coinvalores, prevê uma movimentação maior do mercado, principalmente devido à recuperação econômica, que melhora o desempenho das companhias abertas, e à taxa de juros mais baixa, que atrai mais investidores para a renda variável. Segundo o analista, até o cenário eleitoral poderia ajudar a bolsa, já que, devido às incertezas, o giro no pregão é maior, principalmente no segmento de derivativos.

Na Magliano, a escolha foi o Bradesco, que tem mostrado resultados satisfatórios e em linha com o que era esperado diante do contexto macroeconômico do país. A corretora destacou a melhora gradual no índice de inadimplência do banco, que acompanhou a melhora no ambiente econômico. Por fim, a corretora afirmou que tem perspectivas positivas para o banco em 2018, principalmente com a captura de sinergia referente à aquisição do HSBC.

Outro setor que se beneficia da retomada é o varejista, mas Via Varejo foi a única representante a permanecer na carteira. Segundo a XP Investimentos, além de a empresa ser uma das grandes beneficiárias do momento macroeconômico melhor, os papéis estão mais descontados em relação aos seus pares na bolsa e, por isso, podem ter perspectiva de ganhos mais acentuada.

Para Pedro Guilherme Lima, da Ativa Investimentos, a companhia tem “alta alavancagem operacional e pode se beneficiar da retomada do consumo”. O analista destaca que Via Varejo tem marcas fortes e grande escala nas operações. “Em especial, gostamos do preço em que [as ações] vêm sendo negociadas”, afirma. “Esperamos uma forte recuperação nos lucros no médio prazo.”

O setor siderúrgico contou com duas representantes na seleção de abril. Tanto a Gerdau quanto a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Sabrina Cassiano, analista da Coinvalores, avalia que a Gerdau é uma companhia que se beneficia tanto de uma retomada do mercado interno quanto da taxação para importação de aço e alumínio nos Estados Unidos, já que ela também tem produz em solo americano.

“A retomada da demanda no Brasil está mais pujante neste ano do que no ano passado. A questão dos Estados Unidos não é o principal motivo da nossa recomendação, mas é positiva justamente por ela ter fábrica lá. A Gerdau estava com a margem apertada lá fora por conta da concorrência agressiva de importados e, cortando-se um pouco disso, há uma perspectiva de melhora operacional”, afirma.

Para a Ativa Investimentos, a Gerdau “tem um longo histórico de entrega de eficiência”. A casa destacou a diversificação geográfica da companhia, que contribui para a menor volatilidade na geração de caixa. “Vemos uma melhora na dinâmica do mercado de siderurgia no Brasil, que é extremamente sensível a juros e ciclo econômico. Na nossa visão, a companhia opera com múltiplos atraentes, sendo uma boa opção de investimento com um perfil mais arriscado”, afirma a corretora em nota.

A CSN foi uma das escolhas da Spinelli. Segundo Glauco de Castro, analista da corretora, a empresa está em um nível atrativo de preços comparado aos seus múltiplos históricos, que fazem da empresa “uma boa oportunidade de investimento para longo prazo”. Além disso, a Spinelli destaca que eventos no curto prazo também podem ser positivos, como a execução do plano de desinvestimentos e a retomada do nível da atividade industrial, que podem ajudar na recuperação da margem líquida e da geração de caixa da empresa.

Castro, no entanto, destaca que as medidas protecionistas de Donald Trump nos EUA podem representar um risco.
“Acreditamos que a recente queda da ação já reflete o cenário mais negativo possível [de elevação da tarifa], porém devemos destacar que os Estados Unidos retiraram temporariamente as restrições até as negociações serem finalizadas”, diz. Para o analista, um possível acordo entre Brasil e Estados Unidos pode ser uma “solução alternativa”.

A concessionária CCR completa a seleção para abril com duas indicações. Segundo Mário Roberto Mariante, analista da Planner, a escolha foi baseada nos bons resultados que a empresa vem apresentado e na expectativa de as ações terem um potencial de valorização de mais de 40% no médio prazo. O analista destacou ainda a possibilidade de pagamento de dividendos em abril de R$ 400 milhões, equivalente a R$ 0,19 por ação. Considerando-se a cotação de fechamento das ações da CCR em março, esse dividendo permitiria um retorno de 1,58% para os acionistas, calcula.

No ano, a Carteira Valor acumula rentabilidade de 17,44%, ante 10,84% do Ibovespa. Em 12 meses, a seleção conta com uma alta de 37,81% em comparação a 30,32% do índice.

Classificação Indicativa: Livre

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