Política

Ministro alterou duas vezes o próprio depoimento; defesa de Moro protestou

Futura Press
Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo da Presidência) foi ouvido no inquérito que tramita no STF para apurar denúncias sobre suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro no comando da PF.  |   Bnews - Divulgação Futura Press

Publicado em 13/05/2020, às 12h56   Redação BNews



O general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo da Presdiência, corrigiu dois trechos do próprio depoimento que prestou à Polícia Federal, nesta terça-feira (12). As alterações levantaram protestos da defesa do ex-ministro Sergio Moro.

Para os advogados de defesa do ex-juiz, do escritório de Rodrigo Sánchez Rios,"a modificação posterior operada no corpo do texto configura uma alteração material" e, por isso, se opôs a que ela fosse feita no termo do depoimento. As mudanças estão registradas no documento.

Ramos foi ouvido no inquérito que tramita no STF para apurar as denúncias de Moro sobre suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro no comando da Polícia Federal.

Quando indagado na primeira vez pelos investigadores, o ministro respondeu que "não foi mencionado pelo presidente (Bolsonaro) que se não pudesse trocar o diretor-geral da Polícia Federal ou o superintendente da Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro ele trocaria o próprio ministro (Sergio Moro)". Ele garantiu, ainda, que "na presença do depoente (Ramos) isso não foi dito na reunião ministerial do dia 22 de abril ou em qualquer outro momento", em referência à reunião presidida por Bolsonaro, no Palácio do Planalto.

A primeira declaração de Ramos contradiz o próprio presidente. Em 22 de agosto de 2019, o próprio Bolsonaro afirmou o contrário do que disse o ministro da Secretaria de Governo. "Agora há uma onda terrível sobre superintendência. Onze foram trocados e ninguém falou nada. Sugiro o cara de um Estado para ir para lá, 'está interferindo'. Espera aí. Se eu não posso trocar o superintendente, eu vou trocar o diretor-geral. Aí é... Não se discute isso aí".

Após ler todo o termo do depoimento antes de assiná-lo, Ramos manifestou seu desejo de fazer "duas retificações". Os trechos anteriores acabaram dessa forma: "que não se recorda se foi mencionado pelo presidente (Bolsonaro) que se não pudesse trocar o diretor geral da Polícia Federal ou o superintendente da Polícia Federal no Estado do Rio de Janeiro ele trocaria o próprio ministro".

O segundo ponto ficou assim: "Que (Ramos) não se lembra se na presença do depoente isso foi dito na reunião do dia 22 de abril ou em qualquer outro momento". Os advogados que representavam Moro na tomada do depoimento protestaram contra "a modificação posterior operada no corpo do texto", que configuraria "uma alteração material".

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