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Todo mundo quer Feira e Conquista 

As decisões em Feira e Conquista são alvos das ambições de Rui Costa e ACM Neto  |  

Publicado em 23/11/2020, às 05h25      Victor Pinto

Para boa parte dos baianos as eleições já foram liquidadas, mas para pouco mais de 6% da população do Estado, a ida às urnas ainda será necessária. Os dois maiores colégios eleitorais da Bahia, Feira de Santana e Vitória da Conquista, respectivamente, vão eleger seus prefeitos. O jogo se tornou decisivo no contexto do caminho de 2022 e o governador Rui Costa (PT) com o núcleo petista e o ainda prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) com seus aliados empreendem esforços para que os seus vençam a disputa. 

Na Princesa do Sertão, o prefeito Colbert Martins (MDB), alicerçado pelo ex-prefeito Zé Ronaldo (DEM), busca vencer o deputado federal Zé Neto (PT) que, mais uma vez, vai para o tudo ou nada e nunca antes na sua trajetória política esteve tão perto de assumir o cobiçado Executivo feirense. Apesar do petista ter ficado a frente no primeiro turno - a diferença foi de pouco mais de nove mil votos - a disputa segue acirrada e, assim como em Conquista, é difícil cravar um vitorioso. 

Na Suíça baiana, o desgaste de Herzem Gusmão (MDB) nos últimos três anos e meio conta a favor do deputado estadual Zé Raimundo (PT), que tem o ex-prefeito Guilherme Menezes (PT) principal articulador local. Ambos repetem a briga eleitoral de 2016. A diferença do petista, líder no primeiro turno, para o emedebista foi de pouco mais de dois mil votos. Será, como bem diz os interioranos, pau a pau. 

Para Rui Costa, que perdeu em Salvador e em cidades estratégicas de médio porte em algumas regiões, vencer em Feira e Conquista se tornou questão de honra para tentar frear um crescimento de ACM Neto. O petismo precisa das duas vitórias para fazer história no território feirense e assumir pela primeira vez a prefeitura e no âmbito conquistense retomar um reduto historicamente seu. 

Contudo, o presidente do DEM tem se empenhado pessoalmente em articular a continuidade dos aliados emedebistas. Caso saiam vitoriosos, vão derrubar uma máquina estadual, pois agentes importantes da política do Estado fizeram praticamente morada nas duas cidades para movimentar o tabuleiro dos votos. A expectativa do gabarito de Neto para a concorrência ao governo se fortaleceria. 

Possuir a máquina do porte das duas cidades auxiliam no processo regional necessário em uma eleição para o Executivo estadual e para vaga no Senado Federal. Além de alocar agentes políticos, engrenagem comum do jogo. 

Uma última curiosidade: os dois cassados na Assembleia Legislativa da Bahia eleitos pela base do prefeito ACM Neto resolveram ir contra os seus partidos. Targino Machado que é um crítico feroz do PT, de Rui e Jaques Wagner (PT) e é do DEM, declarou apoio a Zé Neto. Marcell Moraes que é o do PSDB e sua irmã foi reeleita vereadora de Salvador, declarou apoio a Zé Raimundo. Seria o abandono do democrata mor motivo para as escolhas? 

Assistiremos no domingo, dia 29, uma prévia localizada do que pode ser 2022. Apesar da eleição de 20 carregar as peculiaridades municipais, a lupa sempre está mais a frente e, por mais que alguns insistam em não fazer autocrítica, o acontecido agora proporciona um pé colocado com um farol aceso para alumiar as rotas que aparecerão em direção ao Palácio de Ondina.  

 

Victor Pinto é editor do BNews, jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura jornalística e na área administrativa de rádios em Salvador. 

Twitter: @victordojornal

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