Coronavírus
Publicado em 30/04/2020, às 14h17 Valter Pontes / Secom / Prefeitura de Salvador / Coperphoto Diego Vieira
A pandemia do novo coronavírus (covid-19) acendeu um alerta sobre a realização do Carnaval em 2021. Nesta quarta-feira (29), o prefeito ACM Neto (DEM) afirmou ser difícil confirmar que a folia momesca ocorrerá no próximo ano em Salvador, por causa da doença que já matou mais de 100 pessoas na Bahia até a manhã desta quinta (30). O gestor explicou em entrevista ao jornalista José Eduardo, que, caso haja vacina, a maior festa de rua do planeta deve acontecer. Caso contrário, não.
Apesar de ainda não existir uma previsão de quando a vacina vai ficar pronta, Joaquim Nery, diretor da Central do Carnaval, empresa que comercializa blocos e camarotes da folia, acredita que o controle da pandemia a partir de setembro, pode possibilitar a realização da festa no ano que vem.
“Felizmente para nós a pandemia chegou logo após o Carnaval. Temos observado o ciclo da doença nos países que já estão começando a sair da crise. A gente espera que esse ciclo dure em torno de quatro a cinco meses aqui no Brasil. e se for assim, estaremos a partir de setembro ou outubro mais liberado, trabalhando de uma forma otimista. Assim, poderemos ter um Réveillon muito bom, um Carnaval muito bom, um verão muito bom na Bahia. A torcida de todos nós, bainos, é bastante positiva", enfatiza.
Faltando pouco mais de nove meses para o início da folia, a pandemia já tem prejudicado a comercialização dos abadás. Segundo Nery, desde março, mês que a Bahia registrou o primeiro caso da covid-19, as vendas de blocos como Camaleão e Vumbora, comandados pelo cantor Bell Marques, chegaram próximas a zero. Apesar disso, ele explica que decidiu não suspender a comercialização em respeito aos foliões que já tinham adquirido o produto, no entanto, não está promovendo campanhas de incentivo a novas compras.
“A Central tem a tradição de fazer o lançamento do Carnaval do ano seguinte sempre na quarta-feira de cinzas e assim fizemos, até porque até a quarta-feira de cinzas não havia nenhuma sinalização em relação a Bahia. Abrimos as vendas e de lá pra cá fomos atropelados pelo início dos casos no estado. Após isso, suspendemos todas as ações de varejo, ou seja, não estamos fazendo nenhuma ação de incentivo a novas compras. É claro, que a partir do mês de março as vendas chegaram muito próximas a zero”, diz o empresário que explica: “Isso vai trazer uma dificuldade ao ciclo do Carnaval, porque essas vendas antecipadas ajudam muito na manutenção do giro de caixa anual, no entanto, podemos recuperar no segundo semestre”.
O empresário ainda comparou os impactos de um possível cancelamento do Carnaval com as festas juninas, já canceladas em todo o estado pelo governador Rui Costa (PT), devido à pandemia.
“A Bahia teve um grande prejuízo com o São João. O São João a gente não vai recuperar nunca. Se analisarmos no ponto de vista do Estado, talvez a festa é ainda maior que o Carnaval porque contamina toda a Bahia. Ou seja, essas festas geram milhões de emprego e isso vai trazer um impacto muito forte”, enfatiza.
O que diz o Conselho Municipal do Carnaval:
A reportagem entrou em contato com o Jairo da Mata, presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), que considerou prudente a declaração do prefeito ACM Neto. Para ele, é necessário obter mecanismos para que a folia seja realizada de forma segura.
“A declaração do prefeito é bastante prudente, levando em consideração o caos que está ocorrendo no mundo. Agora é só aguardar, temos que estar com o olho na perspectiva dessa poeira baixar e se buscar efetivamente uma cena que possa nos tranquilizar para que a agente possa ter uma festa com tranquilidade e sem pânico. É isso que a sociedade, os governantes e foliões esperam”, afirma.