Justiça

Relatos de detentas expõem condições precárias em presídio feminino na Bahia

Mulheres presas provisoriamente enfrentam falta de higiene, alimentação inadequada e negligência médica em presídio feminino  |  Foto de Ye Jinghan na Unsplash

Publicado em 04/03/2024, às 23h09 - Atualizado às 23h35   Foto de Ye Jinghan na Unsplash   Cadastrado por Marco Dias

Em inspeções realizadas no Conjunto Penal Feminino de Salvador, relatórios da Vara de Execução Penal e da Comissão Permanente de Fiscalização apontam que algumas detentas enfrentam condições desumanas de sobrevivência, incluindo um aborto devido á truculência na abordagem policial. 

Inscreva-se no canal do BNews no WhatsApp

Em uma denúncia encaminhada para a equipe do BNews, a líder do coletivo Umas às Outras, Nayara Campos, destacou que as internas sofrem com questões estruturais na unidade, tratamento inadequado por parte de agentes penitenciários durante revistas nas celas e falta de higienização adequada, além de relatos de alimentação precária e presença de animais peçonhentos nas celas.

Reclamações

Os relatórios mencionam que as detentas reclamam da falta de visita íntima, alimentação de baixa qualidade, demora no atendimento médico e escassez de recursos educacionais. Além disso, apontam que as revistas nas celas são realizadas de forma excessiva, com uso desnecessário de spray de pimenta e restrição ao calçado das internas. 

As queixas também abordam a falta de acesso a livros didáticos e a necessidade de regularização de benefícios sociais para as detentas e seus familiares.

Violação de Direitos Humanos

As denúncias levantadas pelos relatórios apontam para possíveis violações de direitos humanos e negligência no sistema prisional. A recomendação de atenção especial da direção do presídio visa prevenir atos de desvio ou retenção de doações, garantindo a transparência na gestão dos recursos destinados às detentas. 

Além disso, a necessidade de promover a alfabetização das internas e implementar cursos online destaca a importância de investir em educação e capacitação dentro do ambiente prisional.

Providências

Diante dos achados nas inspeções, a Comissão deliberou pela adoção de providências, incluindo a necessidade de verificar as razões da falta de visita íntima, agendar atendimento com a Defensoria Pública, regularizar benefícios sociais e viabilizar o acesso à assistência social.

Recomendações foram feitas à direção do presídio para atender às demandas das detentas e melhorar as condições de custódia no estabelecimento penal.

Resposta da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado da Bahia (SEAP): 

Em ofício encaminhado ao BNews, a Superintendência de Gestão Prisional da Bahia (SUGP) contesta as supostas más condições no Conjunto Penal Feminino de Salvador e detalha as ações da gestão em diversas áreas, como segurança, trabalho, educação, saúde e assistência social.

A SUGP afirma que as revistas nas celas são realizadas dentro da legalidade, que mais de 50% das custodiadas estão trabalhando, que o ensino regular é oferecido, que a unidade oferece atendimento médico completo, que o Serviço Social realiza atendimentos diários e que a alimentação é de qualidade. A SUGP diz estar à disposição para desmentir denúncias infundadas e aberta para inspeções.

Classificação Indicativa: Livre


Tags abordagem policial defensoria pública vara de execução penal conjunto penal feminino violação de direitos humanos Comissão Permanente de Fiscalização

Leia também


Brasileira vítima de estupro coletivo na Índia recebe indenização do governo


Federação entre PP e União Brasil pode ser definida nas próximas semanas; confira