Cultura

Ator baiano critica ausência de apoio do governo à classe artística: ‘faltam diálogo, editais e atenção’

O artista tem visto os colegas “com as mãos na cabeça, muito preocupados” em como sobreviver sem shows, sem renda, observando os meses passarem sem auxílio financeiro  |  Divulgação

Publicado em 26/05/2020, às 21h31   Divulgação   Márcia Guimarães

Um dos atores mais conhecidos da capital baiana, Frank Menezes relatou o desespero que a classe artística tem passado com a crise causada pelo coronavírus. O artista tem visto os colegas “com as mãos na cabeça, muito preocupados” em como sobreviver sem shows, sem renda, observando os meses passarem sem o governo fornecer auxílio financeiro.

Em entrevista ao apresentador José Eduardo, na Rádio Metrópole, nesta terça-feira (26), o ator criticou a falta de apoio dos governos federal e estadual, que ‘não estão dando a atenção que a classe merece’. Segundo ele, agora a desculpa é a pandemia, mas, antes, a categoria já sofria com a falta de diálogo das secretarias que representam a cultura, com a escassez de editais para determinadas áreas e com o atendimento ineficiente das demandas do segmento artístico, entre outros problemas.

Frank citou os artistas de rua e idosos que fazem parte da categoria, mas que têm muita dificuldade em acessar os editais online, por exemplo. Não são todos que têm acesso a computador ou sabem como mexer nesse tipo de máquina. Além disso, há cerca de 60 mil gestores culturais no estado, mas os editais só oferecem oportunidade para “pouquíssimos artistas” e a “verba é baixíssima”.

“Sou um grande defensor da quarentena. Estou muito preocupado com as pessoas subestimando as informações sobre o coronavírus, indo pra rua de forma maciça, o que pode fazer com que o futuro seja ainda pior do que já estamos vivendo. A área artística como um todo precisa de aglomeração, então seremos os últimos a voltar a trabalhar. Já vínhamos passando por grandes perrengues financeiros, desde 2012. O entretenimento é a área que é a primeira a ser cortada quando a pessoa está com problemas financeiros. Por exemplo, antes fazíamos teatro de domingo a domingo. Hoje [antes da pandemia], é uma vez por semana e tivemos que reduzir temporadas”, lembrou Frank.

Auxílio do governo federal

Apesar de comemorar a aprovação, nesta terça-feira pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que repassa R$ 3 bilhões da União para ações emergenciais destinadas ao setor cultural durante a pandemia de coronavírus, o ator baiano questiona o tempo para a execução da medida, já que ela ainda precisará passar pelo Senado. 

“Já estamos há três meses com essa pandemia. Há muitas pessoas sem gordura financeira para queimar. O pagamento vai ser retroativo? Quanto tempo vai levar para passar pelo Senado e começarem os pagamentos?”, questionou o artista.
 

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