“Termino a aula que dou num colégio em Pernambués e depois daquela farra habitual que acontece quando bate o sinal viro para um garoto de nove anos e pergunto. O que você quer ser quando crescer? Ele responde sem titubear. Quero ser ladrão, tio. Saí picado de lá e fui para a secretaria de Educação. Dizem que engenheiro é profissional insensível, mas tinha uma reunião com técnicos da prefeitura, que eram engenheiros e relatei o ocorrido. Um deles virou para mim e disse. secretário estive em um colégio outro dia e estava olhando de fora após fazer uma avaliação quando um guri me abordou perguntando o que estava fazendo. Respondi de pronto que era engenheiro e estava embelezando o colégio dele e emendei. Por que, você também quer ser engenheiro? O menino virou para mim e disse: eu não sou otário. Eu quero ser é ladrão e ter arma para me amostrar para as meninas”.
As duas histórias foram contadas pele secretário municipal de educação, presidente estadual do PTN, João Carlos Bacelar, em conversa com jornalistas logo após a vitória de ACM Neto (DEM) ser confirmada nas urnas de Salvador. O chefe da pasta contou os dois casos para argumentar que não seria “idiota” ao ponto de colocar a secretaria a serviço da candidatura do aliado.
Bacelar rechaçou as recentes acusações de desvio de dinheiro e respondeu que o problema atual tem à ver com a não prestação de contas da ONG Pierre Boudieu, que tem contrato com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que por sua vez tem um convênio há mais de dez anos com a prefeitura de Salvador.
“Nós temos médicos, fisioterapeutas, pedagogos e outros profissionais competentes da Uneb prestando serviços para este contra. A ONG não apresentou a prestação de contas desde julho. E lei exige que para passar o recurso a ONG tem que apresentar as contas”.
Na oportunidade, Bacelar negou que exista algum acordo por secretarias com Neto. “Nunca tratamos disso. O compromisso dele conosco foi de priorizar três pontos: educação, educação e educação”. O secretário aproveitou para dizer que o tema não foi divulgado como deveria durante a campanha. Não pouco nem o candidato dele. ACM Neto. “Todos os problemas que Salvador vive hoje passa pela educação.
O secretário negou a relação entre a sua pasta e os pedidos de demissões do secretário da Fazenda, Ruy Macedo, e da subsecretária Lisiane Guimarães. “O secretário é meu parceiro. A educação nunca foi problema para ele. Inclusive, o próprio Ruy brigava para levar dinheiro para Educação”, refutou.
Mesmo tendo Neto com aliado, Bacelar não deixou de fazer uma crítica. “No Brasil político ser dono de comunicação é o erro muito grande. Não é porque ele é meu prefeito. Está errado. Político não pode ser dono de meio de comunicação. Ou a gente muda esta sociedade. Eu sou político por ideal, mas tenho projeto de mudança da sociedade. Eu não sou político apenas pelo poder, também pelo poder que eu não sou hipócrita, mas temos que ter projeto para mudar a sociedade”.
Bacelar desafia que adversário apresentem provas contra ele. “Eu queria ser preso se eu desviasse um centavo da secretaria. Pode investigar, botar de cabeça para baixo se quiser. Agora, minha posição política influencia na votação do partido. É lógica que é assim”.
Foto: Edson Ruiz // Bocão News
*Matéria publicada originalmente às 10h42 do dia 29/10.
Classificação Indicativa: Livre