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“Mensalão do Gandhy”: presidente nega acusações

“Ele foi leviano ao tentar se autopromover”, disparou Agnaldo Silva  |  

Publicado em 02/02/2013, às 11h35      Fabíola Lima (Twitter: @fabiolalimaa)

Na réplica à acusação da chapa de oposição, a presidência do Afoxé Filhos de Gandhy explicou para o Bocão News o que seria o “mensalão” mencionado pelo candidato ao cargo do atual presidente da entidade, o professor Agnaldo Silva.

“Tenho mais de 20 anos de Gandhy, não há e nunca houve mensalão na instituição. Este é um termo pejorativo e diretamente relacionado a roubalheira, o que não é verdade. Esta afirmação é passiva a investigação do Ministério Público da Bahia, caso ele prove tal absurdo”, disparou Silva.

O caso de um suposto mensalão no Afoxé Filhos de Gandhy veio à tona depois que Raimundo Guerreiro, que faz parte da direção do bloco, e é candidato a presidente na eleição que acontece no próximo domingo (3), alegou que tem acontecido na instituição. Em entrevista ao Bocão News ele batizou a comercialização de fantasias feitas por cambistas de “Mensalão eleitoral dos Filhos de Gandhy”.

Entretanto, de acordo com Silva, o que a oposição chama de mensalão é uma espécie de gratificação que a instituição dá para colaboradores que contribuem voluntariamente com serviços não remunerados para o Afoxé Filhos de Gandhy. “Nós somos uma entidade não governamental e independente, sem fins lucrativos, para colocar nosso bloco na rua gastamos algo em torno de R$ 1 milhão, é um custo alto que conta com parcerias e apoio do governo do estado. O objetivo não é compra de voto, e sim gratificação aos que trabalham voluntariamente em prol do grupo”, explicou.



Raimundo Guerreiro declarou ao site que, se eleito no domingo (3), acabaria com a doação das fantasias. E o presidente rebate: “esta é uma política definida pela atual diretoria, a qual ele também fez parte. Nós já instituímos que está proibida a doação de fantasias do Gandhy para não sócios. Os serviços de voluntários serão pagos com um valor que será determinado pela direção. O que vai encarecer nossa folha de pagamento, mas evitará contradições como esta que ele vem fazendo. Aliás, infringindo uma norma do grupo que proíbe ao associado denigrir a imagem do Afoxé Filhos de Gandhy, como Raimundo vem fazendo com estas acusações improváveis”, defendeu o atual presidente.

Por fim, confiante com a reeleição que o leva para o terceiro mandato, o professor Silva disse que esta é uma postura ilegal e de autopromoção do candidato da Chapa 2. “Ele foi leviano ao tentar aparecer à custa do Gandhy e se fazendo de uma determinação já imposta pela atual diretoria”, finalizou Silva.




FILHOS DE GANDHY 
 
Durante o pós-guerra, entre os anos de 1947 e 1950, várias organizações sindicais sofreram intervenção governamental. O Presidente Dutra tentou conter de forma inócua as greves que estouravam em todo o Brasil por meio de decreto destituindo as direções e instituindo juntas governativas. Na Bahia, os estivadores  eram tidos como privilegiados por não possuírem patrões,  tendo o seu trabalho fiscalizado pelo próprio sindicato. 
 
Em 1949, com a política de arrocho salarial numa economia de pós-guerra, a intervenção no sindicato  fez cair a renda dos associados. Devido à crise financeira que se abateu sobre os estivadores o “Comendo Coentro” não podia sair com toda a pompa, como nos anos anteriores. Diante dessa impossibilidade foi fundado em 18 de fevereiro de 1949, o bloco Filhos de Gandhy, com uma fantasia baseada no personagem Gunga Din, do filme homônimo e filosofia inspirada no líder pacifista Mahatma Gandhi, usando o dinheiro dos fundadores para comprar barricas de chá, lençóis, toalhas, couro e para fazer os instrumentos.
 
Com o passar dos anos, foram incorporados vários elementos ainda baseados na cultura indiana: lanceiros, fuzileiros, aguadeiros, camelo e elefante e profissionais de outras áreas onde até então, somente estivadores podiam desfilar.
 
Segundo Mananga,  “a resistência cultural  tem sido uma das mais forte que os africanos e seus descendentes ofereceram em todas as suas diásporas contra a opressão escravista e colonialista. Ela está presente no cotidiano brasileiro sob a forma de religiosidade, das artes, como música, dança, culinária, escultura, sob a forma de gestos, estilos de vidas, entre outros aspectos. Os africanos e seus descendentes resistiram culturalmente para defender suas identidades, dignidade e liberdade, mais do que isso, eles conseguiram modelar a cultura e a identidade plural brasileira”. 
 
O Afoxé Filhos de Gandhy tem mantido um discurso de Paz durante os festejos momescos que se faz necessário passar para a prática Diante da grita geral da população por uma cultura de paz temos que implementar algumas ações a partir do cotidiano, que transforme profundamente as mentalidades e gere novas práticas sociais. 
 
Podemos fazer isto chamando para nós a responsabilidade pelo respeito à diversidade religiosa, responsabilidade social, promoção da paz, promoção da cultura afro-brasileira e respeito pela tradição sem perder o prazer da festa e do entretenimento no desfile do grande tapete da paz durante o carnaval.
 
Mahatma Gandhi citou que “ todo trabalho, quando feito de maneira inteligente e com propósito elevado torna-se imediatamente recriação e recreação”.

Fotos: Bocão News // Divulgação
Nota originalmente postada às 18h do dia 1º

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