Polícia

Greve da PM mais violenta da história da Bahia completa um ano

Veja os fatos marcantes que marcaram a paralisação da categoria  |  

Publicado em 31/01/2013, às 10h41      Marivaldo Filho (Twitter: @marivaldofilho)

Um ano. Há exatos 365 dias, às vésperas da maior festa popular do mundo, foi deflarada na Bahia uma histórica greve da Polícia Militar. A notícia da paralisação foi confirmada na tarde de 31 de janeiro de 2012, após assembleia da categoria realizada no Ginásio dos Bancários. No momento em que foi anunciada a greve, ainda não se tinha a dimensão da repercussão e da violência geradas em função da greve. No período de 13 dias, foram cometidos 172 homicídios em Salvador e na região metropolina.
 
 
Liderados por Marcos Prisco, os grevistas reivindicavam reajuste salarial para toda a categoria, além da melhoria das condições de trabalho. O impasse foi estabelecido porque o governador do Estado, Jaques Wagner, não aceitada as condições impostas pelo movimento grevista.
 
A categoria cobrava o cumprimento da lei 7.145 de 1997, com pagamento imediato da Gratificação de Atividade Policial (GAP) V, incorporação da GAP V ao soldo, regulamentação do pagamento de auxílio acidente, periculosidade e insalubridade, cumprimento da lei da anistia e a criação do código de ética, além da criação de uma comissão para discutir um plano de carreira para a categoria. Após não serem atendidos, os policiais militares decidiram ocupar pacificamente a sede da Assembleia Legislativa da Bahia.
 
 
Sem policiais nas ruas, o espaço ficou livre para a bandidagem. O índice de violência cresceu assustadoramente em Salvador e no interior do estado. No dia 3 de janeiro, o governo do Estado teve que apelar à Força Nacional de Segurança com o objetivo de freiar a onda de violência instaurada no estado.
 
O que já estava ruim ficou ainda pior. Atentados começaram acontecer em todo o estado e policiais que faziam parte do movimento grevista foram acusados de participação. À essa altura, O líder Marcos Prisco negava o envolvimento de grevistas na onda de violência.

 
Neste momento, o estado de insegurança instaurado na Bahia greve já repercutia nacionalmente e internacionalmente, inclusive, com dúvidas sobre a realização do Carnaval em Salvador, que começaria no dia 16 de fevereiro. 
Com a chegada da Força Nacional e a consequente queda nos índices de violência, o movimento grevista começou a enfraquecer. Primeiro no interior do estado, depois na capital. Integrantes do comando da paralisação foram pegos em escutas telefônicas comandando ações de vandalismo.   
 
No dia 12 de janeiro, a decisão oficial de retomar as atividades foi tomada durante assembleia da categoria. Depois da intensa queda de braço, os militares desistiram de cobrar a revogação das prisões de dirigentes da Aspra e abriram mão da anistia geral para todos os manifestantes. Prisco e os comandantes da greve saíram da Assembleia Legislativa para a cadeia. 
 
 
Os PMs garantiram que iriam procurar a Justiça para tentar a libertação dos "companheiros" presos. A proposta do governo foi mantida: os militares terão reajuste de 6,5% retroativo a janeiro deste ano e receberão as GAP 4 e 5 diluídas ao longo de 2013, 2014 e 2015. Além disso, a segurança do carnaval estaria assegurada, para alegria de baianos e turistas.
 
Apesar de ter um baixo índice de violência durante o Carnaval - a festa de 2012 teve menos ocorrências do que a de 2011, por exemplo - o clima de insegurança, que ainda pairava, esfriou a maior festa popular do mundo. Politicamente, a histórica greve da Polícia Militar também trouxe consequências. Nas eleições municipais, oito meses depois, o candidato apoiado pelo governador Wagner, Nelson Pelegrino, foi derrotado nas urnas. O desgaste causado pela greve da Polícia Militar foi apontado como um fator determinante para a derrota petista.
 
Já para o comandante grevista, Marco Prisco, a resposta nas urnas foi positiva. Em 25 de março, teve a liberdade concedida. Filiado ao PSDB, o Soldado Prisco chegou à Câmara de Salador, eleito como um dos vereadores mais votados de Salvador.

Publicada no dia 30 de janeiro de 2013, às 19h51

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