Política
Publicado em 22/08/2017, às 11h58 Folhapress
As conversas entre os parlamentares do grupo, conhecido como "cabeças pretas", e os coordenadores do movimento de direita que foi um dos protagonistas dos atos pelo impeachment de Dilma Rousseff têm se intensificado com o avanço do calendário pré-eleitoral.
"Temos uma convergência na agenda parlamentar agora e estamos conversando para eventualmente na eleição lançar e apoiar candidatos do mesmo partido", afirma Renan Santos, um dos coordenadores do MBL.
"As ideias liberais de redução do Estado têm nos unido, além é claro de uma presença tanto dos 'cabeças pretas' como do MBL junto à juventude e à força de redes sociais", afirma o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE).
O movimento, que surgiu em 2014 e elegeu sete vereadores nas eleições de 2016, busca uma legenda que abrigue seus candidatos a deputado federal. O principal deles será Kim Kataguiri, um dos coordenadores e principal figura midiática do MBL, mas o grupo já afirmou que deverá lançar ao menos 15 candidaturas.
A presença no grupo dos "cabeças pretas" de deputados do Nordeste, como o próprio Coelho, é vista como uma forma de ajudar a nacionalizar o MBL, mais forte hoje no Sul e no Sudeste.
Já a ala jovem do tucanato tem ganhado notoriedade por ter capitanear no partido o movimento pró-desembarque do governo Temer e agora está de olho na força do MBL nas redes sociais. Hoje, no Facebook, a página oficial do movimento tem 2,3 milhões de curtidas. A do partido, 1,3 milhão.
Além dos "cabeças pretas", formam o núcleo de parlamentares envolvidos nas conversas outros oito deputados. Desses, a maioria faz parte dos 21 tucanos que votaram pela admissibilidade da denúncia contra Temer.
NOVO PARTIDO
Nas conversas, segundo a Folha apurou, ainda discute-se a possibilidade de que a junção entre as duas forças jovens se dê em outro partido.
No PSDB rachado, os "cabeças pretas" ficam ao lado do presidente interino, Tasso Jereissati (CE), que defende a entrega dos cargos e saída do governo. Com a manutenção do senador na presidência do partido, eles afirmam que se tornou mais remota a probabilidade de uma saída.
Deputados, porém, admitem que, caso a direção do partido dê uma guinada governista nas convenções de dezembro, é possível que deixem o PSDB para concorrer em outra sigla em 2018.
Nos bastidores, é aventado o PSL, que quer se refundar como o Livres. O partido adota discurso libertário, com a junção do liberalismo econômico e pautas mais progressistas nos costumes.
Mano Ferreira, diretor de comunicação do Livres, afirma que o partido dialoga com os parlamentares tucanos, mas que ainda não há mudança partidária prevista.
A junção dos grupos, no entanto, pode enfrentar resistências internas. Uma delas pode ser a de que presidenciável apoiar. Se no MBL há um movimento pró-João Doria, prefeito tucano de São Paulo, há entre os "cabeças pretas" uma parcela expressiva que gostaria de ver o governador paulista, Geraldo Alckmin, também do PSDB, na disputa para a Presidência.
Publicada originalmente em 22/08 às 8h18