Política

Judeu, Wagner condena discurso de Alvim: "Não pode usar função pública para propagar nazismo"

Senador petista considerou como "irresponsáveis" as declarações do secretário de Cultura em vídeo polêmico  |  BNews

Publicado em 17/01/2020, às 11h47   BNews   Luiz Felipe Fernandez

O senador Jaques Wagner foi mais um a se manifestar contra o polêmico vídeo do secretário de Cultura Roberto Alvim, que fez discurso bastante semelhante ao de Joseph Goebbs, ministro da propaganda nazista e considerado braço-direito de Adolf Hitler. 

Judeu, o petista diz que considera as "declarações irresponsáveis" e que Alvim "não pode usar a função pública para propagar o nazismo".

“Gato escaldado tem medo de água fria”. Sou judeu, filho e neto de judeus, conheço a história e suas consequências. Não quero q nenhum povo seja dizimado. Repudio as declarações irresponsáveis deste sujeito q não pode usar sua função pública para propagar o nazismo. Inaceitável! https://t.co/WHqd4itjbR

— Jaques Wagner (@jaqueswagner) January 17, 2020

Por sua vez, o secretário já se posicionou após a repercussão do vídeo, publicado no perfil da própria pasta nas redes sociais. Ele se defende e diz que tudo não passa de uma "coincidência retórica" e que a acusação da referência nazista é uma "falácia" da "esquerda".

"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", afirmou Alvim no vídeo postado nas redes sociais.

"A arte alemã da próxima década será heroica, será ferramenta romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", disse o ministro de cultura e comunicação nazista em 8 de maio de 1933 em um pronunciamento para diretores de teatro, segundo o livro "Joseph Goebbels: uma Biografia", de Peter Longerich, publicado no Brasil pela Objetiva. A informação é da Folha de S. Paulo. 

O baiano não foi o único opositor do governo Bolsonaro a se manifestar no Twitter. O deputado federal Paulo Pimenta (PT) criticou uso de verba pública e da "estrutura do Estado" para fazer "apologia ao nazismo".

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, endossou o discurso do parlamentar petista e disse que o país vive a "maior crise da democracia desde 1964".

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes afirmou que a "riqueza da manifestação cultural repele o dirigismo autoritário nacionalista", e que o torna o Brasil "grande" é justamente o seu "povo profundamente miscigenado e diversificado". 

A estética é nazista. A música, de Wagner, uma das preferidas de Hitler. Há trechos exatos de discurso de Goebbels.

Um servidor público usando dinheiro dos contribuintes e estrutura do Estado para fazer apologia ao nazismo. Se Bolsonaro não o demitir, será cúmplice desse crime. pic.twitter.com/49gstJSSqD

— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) January 17, 2020

Bolsonaro fechou conselhos, promoveu censura na cultura, inviabilizou pesquisas, perseguiu professores. Agora, seu secretário de cultura cita um nazista e copia uma propaganda nazista para falar do governo. É a maior crise da democracia desde 1964.

— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) January 17, 2020

A riqueza da manifestação cultural repele o dirigismo autoritário nacionalista. A arte é, na sua essência, transformadora e transgressora. O que faz do Brasil um país grandioso é a força da sua cultura, fruto de um povo profundamente miscigenado e diversificado.

— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) January 17, 2020

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