Política

STF desconhece importância de missionários nas aldeias indígenas, critica Silas Câmara

  |  Vinícius Loures/Agência Câmara

Publicado em 25/09/2021, às 14h10   Vinícius Loures/Agência Câmara   Luiz Felipe Fernandez

Um dos nomes de maior representatividade na bancada evangélica na Câmara Federal, o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) defende que o Supremo Tribunal Federal (STF) desconhece a importância da presença de missionários evangélicos nas aldeias indígenas. 

Na última sexta-feira (24), o  ministro Luís Roberto Barroso concedeu uma liminar proibindo missões religiosas em terras indígenas no país, alegando risco de contágio pela Covid-19.

Segundo Silas,que é amazonense, somente quem convive com indígenas no Norte do país ou no Nordeste, ou em parte do Nordeste, onde ainda existem "muitas tribos remanescentes", pode ter compreensão da "importância estratégica" das missões nestas regiões.

"O STF só toma essa decisão, pois não sabem a importância estratégica de missionários cristãos, evangélicos ou católicos, nas aldeias indígenas. É um prejuízo muito grande, inclusive social e na área de saúde, de cuidados. Não basta o vazio institucional que sofremos nessa região, uma decisão como essa que tira o conforto, tira a presença de quem está ali somente para melhorar a vida das pessoas", relatou o pastor da Igreja Assembleia de Deus, em conversa com o BNews.

A justificativa de que a evangelização de indígenas suprime a cultura originária, segundo Silas, é um "argumento de quem acha que índio é fraco". Na sua visão, a comunidade é "suficientemente forte para conviver" com os evangélicos. 

"Se estivesse preocupado com isso iriam na Boca do Javari, no Alto do Solimões, Atalaia, nas zonas urbanas e levarem de volta para as tribos indígenas. Não existe essa fraqueza de transformação de qualquer coisa que seja em relação à cultura indígena por conta da presença de alguém de fora", diz.

O movimento de evangelização indígena acontece no Brasil desde o início do processe de colonização portuguesa no Brasil, com mais forças em determinados momentos da história.

Recentemente, houve uma terceira onda de evangelização nos anos 1920, mas voltou com toda a força nos anos 2000, já em outro molde e com a presença majoritária desta vez das igrejas evangélicas.

O artigo 232 da Constituição Federal de 1988 assegura aos índios o direito à "organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens".

De saída do PDT pela participação no último ato antidemocrático no 7 de setembro e alinhamento ao governo Bolsonaro, o deputado federal Alex Santana repudiou a decisão do STF.

Segundo o parlamentar, também ligado à bancada evangélica, não há razão proibir a evangelização nas aldeias.

"É surpreendente para mim, receber uma decisão dessa, até porque entre os povos indígenas originários o evangelho é recebido de bom grado e a gente nunca faz nada que não seja de comum acordo, conforme foi nos ensinado", justificou.

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