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Contarato pede investigação contra Fakhoury por homofobia e bolsonarista pede desculpas

  |  Roque de Sá/Agência Senado

Publicado em 30/09/2021, às 12h16   Roque de Sá/Agência Senado   Luiz Felipe Fernandez

O senador Fábio Contarato (Rede) fez um discurso emocionante na sessão desta quinta-feira (30), no depoimento do empresário Otávio Fakhoury, suspeito de financiar esquema de disseminação de fake news, e disse que irá pedir abertura de investigação à polícia legislativa por crime de homofobia praticado pelo bolsonarista.

Ele exibiu o tuíte do empresário, que se aproveita de um erro ortográfico de uma publicação de Contarato, para fazer uma "piada" homofóbica contra o senador, casado e pai de dois filhos.

O delegado, homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário...
Quem seria o "perfumado" que lhe cativou? pic.twitter.com/rgjcaw8gJF

— Faka ?????????? (@opropriofaka) May 12, 2021

Após o discurso inicial de Fakhoury, presidente o PTB em São Paulo, em que enalteceu a sua trajetória profissional e pessoal, Contarato pediu a palavra e o presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), sugeriu que ele assumisse a presidência para poder fazer o seu discurso. 

Com a voz embargada, o senador, delegado da Polícia Civil, ressaltou que teve sempre o respeito dos demais colegas e questionou Fakhoury por se colocar como alguém que embasa a sua vida nos "princípios da moral e legalidade"

Contarato destacou que o "dinheiro não compra caráter" nem "humildade", e perguntou qual a "imagem" que o empresário gostaria de deixar para os seus filhos. O senador também avisou que a sua "família não era pior" que a do depoente e relatou a dificuldade de expor a sua família — esposo e filhos — na tentativa de exigir respeito à toda a população LGBTQIA+.

"O que leva um ser humano com mais de 18 anos, o que leva o sr., que tem filhos, qual imagem enquanto cidadão, que vai expor aos seus filhos? Isso é obedecer ao princípio da legalidade? O STF, o mesmo que o senhor defende extinguir, equiparou homofobia ao racismo, um dos poucos crimes inafiançáveis e imprescritíveis. O senhor obedece o princípio da moralidade? Qual o seu conceito de moralidade? Qual a imagem que o senhor vai deixar para os seus filhos? O senhor pode ter todo o dinheiro do mundo, mas eu tenho a minha vida modesta, com muito orgulho, a minha família [...] e quero que eles tenham certeza que eu luto e continuarei lutando para reduzir essa desigualdade no Brasil. Se o senhor obedecesse ao princípio da legalidade, saberia que está expresso na Constituição Federal que um dos fundamentos da República é abolir toda e qualquer forma de discriminação", declarou Contarato.

Expus minha família e minha vida para que outras famílias LGBT não sofram o que sofremos. Fiz esse desabafo na CPI hoje diante do depoente que me agrediu. Homofobia é crime! Aprendi com meus pais a respeitar as pessoas. Orientação sexual não define caráter. https://t.co/7Tes6I39sZ

— Fabiano Contarato (@ContaratoSenado) September 30, 2021

Segundo o parlamentar, a postura de Fakhouyr comunga com os princípios defendidos pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que só compreende um modelo de "família tradicional".

"A minha família não é pior que a sua. A certidão de casamento que o senhor tem, eu também tenho. Fala em pátria, legalidade, moralidade, mas o senhor é o principal violador dessa moralidade. Fala 'Deus acima de todos', mas Deus está no meio de nós [...] nada te dá o direito de fazer o que você fez, essa dor é incomensurável", afirmou.

Contarato foi abraçado por Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e cumprimentado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) ao deixar a bancada da presidência. Em seguida, Fakhoury pediu a palavra e se retratou pelo comentário homofóbico.

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