Política

30 ovos, R$ 10

Publicado em 12/08/2017, às 07h40      Victor Pinto

Trinta ovos dez reais! Ainda rendem as ovadas recebidas pelos prefeitos de Salvador ACM Neto (DEM) e de São Paulo João Dória (PSDB) nos minutos que antecederam a entrega do título de cidadão soteropolitano ao tucano paulista na segunda-feira (7).

O fato resvalou em dois impactos: o negativo contra os prefeitos, alvos de protestos, cuja imagem sempre arranha, e as críticas voltadas a falta de realizaçao de feitos em Salvador, por parte do homenageado, que garatam a sua honraria. 

Após as ovadas, ACM Neto ficou irado e mirou fogo no governador Rui Costa (PT), seu principal adversário político, e assim logo se desenhou de forma mais clara e arisca a polarização que teremos em 2018.

Apesar dos pesares, houve também o ponto positivo: Dória fez do ovo uma omelete e viu seu nome ser impulsionado nacionalmente frente ao protesto.

Os manifestantes atiraram no que viram e acertaram naquilo que não tinham percebido: depois da ovada, o tucano virou mais candidato do que nunca a presidente da República e levou consigo, na repercussão, o prefeito ACM Neto que prontamente negou: não será vice de ninguém.

Dória descarta a predileção pela Presidência em detrimento ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), seu tutor. Outros o apontam como traidor, uma vez que a criatura se articula nos bastidores, debaixo do nariz do criador.

A sessão da honraria, que tinha tudo para ser de troca de elogios em um "rasgar de sedas", se transformou num palanque eleitoral.

Apesar de saberem antecipadamente do risco das ovadas, os políticos foram na onda do “pagar para ver” e viram.  O próprio ACM Neto deixou isso claro ao dizer que poderia ter utilizado a Guarda Municipal para afastar os manifestantes e mesmo assim não o fez.

O vereador Felipe Lucas (PMDB), autor da honraria a Dória, cuidou da repercussão local nos dias subsequentes e emendou um arranca rabo com a vereadora comunista Aladilce Souza.  Ela foi acusada pelo peemedebista de incitar a manifestação com ovo. A comunista também acusa o político de usar palavras de agressão durante reunião do colégio de líderes.

Mas no fim quem mais lucrou com a história foi o já aclamado carro de ovo, que chegou até ser vítima de um decreto falso supostamente publicado no Diário Oficial do Município que chegou a circular nas redes sociais.

Algo é certo: a promoção dos 30 por 10 nunca foi tão anunciada e os políticos que se cuidem, pois o ovo, barato e rica fonte de proteína, será a nova artilharia.

 

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, sub editor de política do Bocão News, membro da coordenação da Rádio Excelsior da Bahia e diretor do jornal Correio do Mês de C. do Coité.

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