Política

Bolsonaro atiça os sonhos dos voos dos Ícaros baianos

Imagem Bolsonaro atiça os sonhos dos voos dos Ícaros baianos
Bnews - Divulgação

Publicado em 31/07/2019, às 19h58   Victor Pinto*


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Os desdobramentos da visita do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a cidade baiana de Vitória da Conquista para inaugurar o aeroporto Glauber Rocha em meio a uma queda de braço com o governador Rui Costa (PT) e sua patota e o tapete vermel… ou melhor, azul estendido pelo prefeito ACM Neto (DEM) rendeu no noticiário nacional.

Tanto Rui quanto Neto ganharam visibilidade e saíram no lucro com o caso. O petista se firmou como um opositor ferrenho ao decidir não enviar tropas da Polícia Militar para a inauguração que foi estritamente para convidados, sem participação do povo, com snipers e todo aparato do Exército e Força Nacional no encontro. Rui, inclusive, é o presidente do Consórcio dos governadores da região Nordeste, ou melhor dizendo, na linguagem bolsonarista, da região de “Paraíba”. 

O governador se negou a ir ao evento dadas as tamanhas restrições federais, desconvidou toda a sua trupe, e largou a “inauguração” só com Bolsonaro e aliados. O petista já tinha seu nome colocado no bojo da oposição para ser um eventual candidato a presidente da República em 2022 e com o fato seu nome cresceu ainda mais e se firmou nos quadros contrários a turma do Mito. 

Neto, por sua vez, puxou o evento para si, apesar do governo do Estado ter sido o condutor da obra, mesmo que com verbas federais. Ele, enquanto deputado, canalizou emenda para a construção do local. Em vídeo postado pelo presidente é audível o momento no qual chamou Rui de “recalcado” e recebeu de Bolsonaro uma premonição ao lembrar do ACM, o original: “Homem forte [ACM], combativo, leal e preocupado com seu povo da Bahia, deixou bons frutos. Lá na frente, se Deus quiser, você [ACM Neto] ocupará um dia a honrosa cadeira que ocupo”.

O nome do prefeito de Salvador sempre foi colocado em evidência no cenário nacional, inclusive por ser o presidente nacional do DEM e participar de negociações decisivas, principalmente no Congresso Nacional que tem Rodrigo Maia (DEM), seu principal aliado na presidência da Câmara Federal, terceiro na linha sucessória do Executivo nacional. 

Dado ao momento de pousos e decolagens, os dois cenários políticos que projetam tanto Rui quanto ACM Neto na âmbito de 2022 me fizeram lembrar de uma letra da conhecida canção de Byafra: “voar, voar, subir, subir, ir por onde for…”. 

Na mitologia grega, Ícaro, preso com seu pai Dédalo no labirinto após Teseu lutar contra o minotauro, tinha o sonho de voar pelos céus e se libertar da prisão. Teve a ideia e conseguiu confeccionar asas com penas de pássaros e cera. Assim o fez e ambos conseguiram voar para longe. Envaidecido e se sentido um Deus, Ícaro voou alto e o sol fez as ceras derreterem e as penas se soltarem o que provocou a sua queda e morte. 

Resta saber se nessa história de Aeroporto, de sonhos de voar e subir para voos maiores na política e posição de linhas eleitorais com eventuais colheitas em 2022 os baianos podem ganhar destaque e objetivar o comando do País ou podem padecer como o mito de Ícaro e sua decolagem.  Será um "Deus e o Diabo na terra do Sol". 

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

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