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Por mais que petistas gritem, Rui disse que o rei está nu

Imagem Por mais que petistas gritem, Rui disse que o rei está nu
Não sou advogado de defesa do fato e nem tenho desejo de me prestar esse papel, mas dadas as interpretações que li e ouvi, me senti instigado a opinar  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 16/09/2019, às 12h15   Victor Pinto*


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Com a licença aos petistas e esquerdistas xiitas dos quais vi comentários dos mais diversos, venho nesses escritos dizer que o governador Rui Costa (PT), em sua entrevista concedida à revista Veja nesta semana, não desmereceu o PT e/ou o disco arranhado do “Lula Livre”. Não sou advogado de defesa do fato e nem tenho desejo de me prestar esse papel, mas dadas as interpretações que li e ouvi, me senti instigado a opinar.

O petista, governador reeleito com mais de 75% dos votos (o que não é pouco), presidente do consórcio dos governadores nordestinos, que enfrentou Jair Bolsonaro (PSL) na primeira visita do opositor à Bahia e tem feito críticas sistêmicas a condução da presidência, apontou o óbvio para os “reis” e disse que “todos eles estavam nus”.

Bem resumido, para quem não se recorda, a história do Rei Nu é um conto dinamarquês de Andersen, de 1837, cuja narrativa é desenvolvida na história de um falso alfaiate, malandro, que apresenta ao rei uma roupa (que não existe) a qual somente os inteligentes poderiam enxergar. O rei envaidecido, aceita a proposta e convoca a população para apresentar os trajes. Do alto do pedestal aparece pelado, mas crente e abafando (em bom baianês) que estava trajado e só os dotados de Qi’s elevados o veriam. Acontece que uma criança, desprovida de qualquer maldade, grita e aponta: “O Rei está nu”. E o burburinho se alastra e a ficha cai.

Em uma entrevista polida, com pés no chão, o baiano disse que o rei estava nu e os xiitas vão acreditar se quiserem. Em nenhum momento desmereceu a campanha do “Lula Livre”, pelo contrário, disse ter evidências de perseguição para tal, mas que a questão não deve ser a preponderante.

A roda segue rodando e a cegueira messiânica - em ambos os lados - tem jogado o País na esfera da divisão do ódio e na propagação desse tipo de discurso sem se pensar em uma solução eficaz.

Lula Livre, tá, ok, beleza! Há o percurso da perseguição que a Vaza Jato apontou nas diversas matérias? Isso tá escancarado. Mas o discurso não deu liga para o povo. E o resultado da eleição de 2018 prova isso.

Mas, convenhamos, Rui nunca foi muito bem visto por setores mais orgânicos da sua sigla. Só quando há a máxima do poder pelo poder. Enquanto secretário de Relações Institucionais comeu o pão que o diabo amassou, até querendo em alguns casos, para formar a coalizão de Jaques Wagner (PT) e não foi à toa ter sido o ungido do atual senador e “sucessor natural da escola Lula de fazer política” ao Palácio de Ondina.

Creio que a linha da entrevista foi de quem realmente enfrenta um projeto, com autocrítica, e quer ir para linha de frente ao deixar nas entrelinhas uma certa vontade de encostar no Planalto, por mais que em conversas recentes com a imprensa ele negue isso. O petista mexeu em um vespeiro no quintal de casa, mas não contava com o péssimo grau de interpretação daqueles que só tiram base por títulos. Vamos acompanhar se ele seguirá com o discurso apresentado ou se será adequado para afagar seus pseudos cardeais.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

Classificação Indicativa: Livre

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