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Réveillon sem raiz

Imagem Réveillon sem raiz
Faltou ao cast dos contratados para o Réveillon 2019/2020, de Salvador, expressões da cultura de chão da nossa terra  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 04/11/2019, às 09h49   José Medrado*


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Não é novidade alguma, que os políticos-gestores de plantão estarão sempre buscando agradar ao seu eleitorado, em momentos de festas e entretenimentos, mas também não poderemos deixar de lado que cabe também a esses administradores o cultivo dos valores de sua terra, da sua cultura, como instrumento constante de autoafirmação do seu povo. Dessa forma, entendo, como mero cidadão que sou, que faltou ao cast dos contratados para o Réveillon 2019/2020, de Salvador, expressões da cultura de chão da nossa terra. Há sim representantes fortes do axé, produto nosso, mas houve uma inundação dos sertanejos – nada contra, o povo gosta – em confronto com a falta dos artistas representantes, por exemplo, do samba de raiz, do nosso recôncavo. Onde Mariene de Castro tão respeitada no Sudeste do Brasil, mas tão esquecida em sua terra? Onde as ganhadeiras de Itapuã?  Roberto Mendes...

Por outro lado, se tem dinheiro público envolvido, naturalmente de todos nós, muitos apreciamos o que pode fugir do radar empresarial milionário do momento, mas não por isto valorizado por uma parcela da nossa sociedade. Sei que é difícil agradar a todos em seus gostos musicais, em seus valores de cultura, mas, repito, se trata de uma questão de reafirmação de cultura, de estímulo ao que é da terra. Não se trata de reserva de mercado, porém de estímulo aos que fazem a perpetuação da tradição musical, cultural de nossa gente, a fim de que não se percam em meio aos modismos do momento.

Infelizmente, se faz uma diminuição significativa do real conceito do que seja cultura e as ações que envolvem o seu cultivo no âmago de uma sociedade, de uma comunidade. Lamentável. O conjunto de sua arte, de sua música, de sua crença...seus costumes fazem o conteúdo desta cultura. E isso é a riqueza de um povo e não pode ser esquecida pelos que representam esta gente. Poderemos, sim, buscar o novo, transitar pelo moderno, contemporâneo, mas sem perder a tradição, a raiz...e assim mantemos a história de um povo e preservamos a sua cultura.

* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.

Classificação Indicativa: Livre

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