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O que os olhos dos lulistas não viram

Imagem O que os olhos dos lulistas não viram
Bnews - Divulgação

Publicado em 10/11/2019, às 17h44   Pedro Vilas Boas


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Petista não é sinônimo de lulista. Esse último parece suportar calor, fome, sede e dor no corpo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de atrasos e clichês em um ato político que ocorreu, neste sábado (9), no antológico Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, após o líder petista ser solto depois de entendimento do STF contrário à prisão em segunda instância. O local já foi palco de históricas manifestações políticas.

Não se sabe ao certo que horas Lula, acompanhado da trupe de sempre (Gleisi, Haddad, Boulos), chegou ao local. Mas foi divulgado nas redes sociais que ele se pronunciaria por volta das 12h; chegou às 14h, ainda assim, claro, recepcionado por rostos felizes de militantes. Também estava previsto um pronunciamento interno, no sindicato, em um andar reservado só para ele, com cadeiras e a mesa que ele estaria, decorado com cartazes, faixas e lembranças para o antigo metalúrgico. Não aconteceu; ele “brotou” em um mini-trio. Ainda assim, todos felizes.

O local, que desta vez não compartilha de uma foto ou vídeo com Lula, o tempo todo no mini-trio, há pouco mais de um ano serviu de “abrigo” quando a Polícia Federal tentava prendê-lo. Milhares de militantes lutavam, até mesmo contra a vontade do próprio líder, para mantê-lo no local. No fim, Lula se entregaria.

Idosos com dificuldade de locomoção; crianças de colo que não compreendiam o porquê de terem sido levadas ali; e cadeirantes. Exemplos do público diverso do PT, ou figuras que aguardaram ansiosos a chegada do “Guerreiro do Povo Brasileiro”, que foram obrigados a assistir de longe, pela TV, ou nem viram. Já que o cansaço chega após horas de atraso.

Os lulistas, que gritavam “democracia” dentro e fora do sindicato, pareciam não se importar com a incongruência do “grande líder” ao incentivar o ataque à imprensa, como logo o fez quando falou ao microfone: “A Globo vai falar merda de novo”, disse. Mesma emissora, vale lembrar, atacada pelo atual presidente da República, Jair Bolsonaro. Ataque à imprensa, por sinal, ingrediente fundamental de um discurso clichê que parece “cozinhado” de antigas falas feitas outrora. 

No discurso, Lula reservou tempo para atacar, mais uma vez, Sérgio Moro, Rede Globo, Deltan Dallagnol, Receita Federal, Bolsonaro, até para mostrar ao público novamente sua nova namorada. Só não arranjou espaço para deixar claro aos seguidores que saiu da cela - especial, por sinal, com TV por assinatura e coisas mais - , mas continua condenado em um caso, e investigado em tantos outros. Ainda é ficha suja. 

Ao final do evento - que não “engarrafou” as três ruas no entorno do sindicato, como alguns relataram após o ato - diversos militantes ainda o aguardaram por horas dentro e fora do prédio para, ao menos, ouvir algo ou ver o ex-presidente de uma forma que as câmeras das TVs e qualquer outro não acompanharia, a não ser quem estivesse naquele local, naquele momento, algo histórico, mesmo. Mas ele não o fez. As companhias do lulista foram apenas cigarro, cerveja e outros lulistas para compartilhar a maravilha materializada em forma de ser humano. 

“Ele vai aparecer, certeza”; “ele sempre aparece depois”; “ele tem que estar aqui”; “Lula, eu vim aqui só pra te ver!”. Esses não vão admitir, mas saíram decepcionados.

*Pedro Vilas Boas é repórter de política do BNews

Classificação Indicativa: Livre

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