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O bang bang do Faroeste

Imagem O bang bang do Faroeste
A Operação Faroeste fez um movimento tectônico no campo político propriamente dito – Executivo e Legislativo – e na política do próprio judiciário  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 25/11/2019, às 09h26   Victor Pinto*


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Foi grave o desenrolar da operação Faroeste. Desencadeada pela Polícia Federal a partir de decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para cumprimento de mandados de busca e apreensão; prisões e afastamentos por suspeita de vendas de sentença em um caso emblemático que envolve grilagem de terra, o assunto ainda rende.

A operação pegou em cheio a alta corte da Justiça baiana. Jogou luz para pauta e discussão de um assunto pouco abordado de maneira escancarada: a forma de condução de processos polêmicos com interferências de políticos e endinheirados. Ao ler as manifestações públicas na imprensa das defesas dos afastados e do próprio TJ, não me contive com a ironia: todos surpresos com o ocorrido. Nada mais do que esperado: seriam eles intocáveis?

Pelo conversado com entendidos da área, mais dia ou menos dia o assunto iria estourar. Depois da Operação Injusta Causa, no Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5), alguns previam que as suspeitas e investigações também poderiam atingir o Tribunal de Justiça da Bahia, por mais que o mérito seja totalmente oposto, o eventual modus operandi investigado é semelhante.

Outro ponto que fez o assunto ganhar outros entornos: a PF bateu na porta de desembargadores na véspera da eleição da presidência do TJ. A eleição era da desembargadora Maria da Graça Leal. A magistrada já possuía votos necessários para derrotar Olegário Caldas, candidato do então presidente Gesivaldo Britto.

Todos os três personagens, até então, além da ex-presidente do TJ, Maria do Socorro, seguem afastados por decisão do STJ. Eles estão fora do processo eleitoral, pelo menos diretamente. Outras forças se mobilizam para o pleito que acontece em dezembro.

De grampo de deputado e interceptações de mensagens, a Faroeste deixou o campo político em alerta.

Há, por mais que neguem, total interferência nos poderes com a medida, a repercussão e dos desdobramentos doravante. O movimento na Assembleia Legislativa da Bahia, no dia da explosão da operação, foi de tensão, tanto que a votação prevista para acontecer foi derrubada por determinação do presidente do legislativo, deputado Nelson Leal, sobrinho de uma das desembargadoras afastadas e cotada para ganhar a presidência. Tem gente ainda em alerta e desapontado com as projeções caídas por terra.

Conforme disse um radialista, no calor do noticiário, a Operação “Faroeste” chamada de “Faroeste Caboclo”, em clima de Legião Urbana, me remete à dúvida, inclusive também lançada pela coluna Na Sombra do Poder, do BNews, essa semana: quem seria o João de Santo Cristo que ninguém tinha medo nesse jogo?

Com o assunto à baila, CNJ em campo, personagens na mira da lupa das investigações e a eleição do TJ-BA com nova configuração, a Faroeste fez um movimento tectônico no campo político propriamente dito – Executivo e Legislativo – e na política do próprio judiciário.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

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