Artigo
Publicado em 09/12/2019, às 09h12 Victor Pinto*
Além de ser péssimo para o Estado Democrático de Direito, outro presidente alvo de um processo de impeachment, em um curto espaço de tempo, iria arruinar a confiança nas instituições, numa eventual arrumação da economia e iria defenestrar a vontade popular. O assunto, contudo, começa a se enveredar nos bastidores de Brasília mais uma vez.
Atitudes nada republicanas de Jair Bolsonaro (sem partido) e de aliados do seu entorno atiçam o movimento para interromper o seu mandato. Não há dúvida que, no âmbito do Congresso, existe um movimento que venha promover uma tentativa de queda de Bolsonaro do Palácio de Planalto de maneira célere a partir do próximo ano.
Com a base em grau de esfacelo, principalmente com sua briga com o PSL, um dos maiores partidos da Câmara Federal, Bolsonaro se assegura na criação do Aliança pelo Brasil. Contar com o ovo ainda não posto pela galinha pode ser um tiro mal dado ao alvo: a sigla, que pode não vigorar até o pleito do próximo ano, acha possuir um apelo popular.
Apesar do Supremo Tribunal Federal (STF) ter validada a possibilidade de recolhimento de assinaturas digitais no processo de criação do partido, prazos não foram estipulados e o pior: a regulamentação. Isso pode demorar e atrapalhar os planos do político que já passou por tantas outras siglas e não reforça um estilo de política de unidade, mas do “eu mesmo”. O Aliança Pelo Brasil é um partido para Bolsonaro chamar de seu. Será que essa lógica o sustenta no bom relacionamento da base congressista?
Por mais que não acredite em pesquisas, elas são termômetro. O instituto DataFolha divulgou que a taxa de aprovação do governo figura entre 29 e 30%. Ou seja, se fosse precisar do apoio popular, os números não empolgam.
Em entrevista à Folha, o ex-presidente e atual senador, Fernando Collor, afirmou já ter visto esse filme: “Quando eu analiso essas questões não é com base numa premonição minha, é com base numa experiência que eu já vivi. É um filme que eu já vi. Eu cometi esses equívocos também em relação à minha base parlamentar. Eu não dei a atenção devida a isso”, disse.
Esse foi o mesmo pecado vivenciado por Dilma Rousseff (PT). Tanto Collor, quanto a petista, acordaram tarde demais para a base de sustentação. Não tomar como premissa o relacionamento harmônico dos três poderes é um perigo para os chefes de qualquer um deles.
Os antes aliados agora começam se tornam inimigos, muitos por vontade do próprio presidente que, apesar de ter dito não concorrer à reeleição, já coloca em curso todo debate de recondução ao maior cargo do Executivo nacional.
A história nos mostra que em todos os mandatos as conspirações rondam a cadeira presidencial. Algumas delas são postas em práticas, outras postergadas. Se Bolsonaro não abrir o olho enquanto há tempo, pode sofrer um processo tal qual Trump, que também responde impeachment em solo americano.
Como Bolsonaro tem o canal aberto com o americano, como ele mesmo diz, já deve trocar mensagens para se vacinar.
* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal
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