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Os perigos do ícone verde nas próximas eleições

Imagem Os perigos do ícone verde nas próximas eleições
Whatsapp revolucionou a forma de comunicação em tempos de internet e popularização dos celulares smartphone  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 16/12/2019, às 10h28   Victor Pinto*


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O aplicativo do ícone verde, Whatsapp, revolucionou a forma de comunicação em tempos de internet e popularização dos celulares smartphone. Se tornou essencial para qualquer cidadão possuí-lo como instrumento para atividades laborais e de relacionamentos num todo e, conforme pesquisa divulgada nesta semana pela Câmara dos Deputados, de se informar.

Foram 79% os que disseram receber notícias sempre pela rede social. O ambiente possui mais de 136 milhões de usuários no Brasil, sendo a plataforma mais popular juntamente com o Facebook. Apareceram canais de televisão (50%), a plataforma de vídeos Youtube (49%), o Facebook (44%), sites de notícias (38%), a rede social Instagram (30%) e emissoras de rádio (22%). O jornal impresso também foi citado por 8% dos participantes da sondagem e o Twitter, por 7%.

Desde quando o mundo é mundo as fake news existem, mas foi através do Whatsapp que as disseminações de conteúdos falsos passaram a serem mais céleres e se tornaram um problema crônico. Uma notícia mal dada ou uma mentira bem contada causam prejuízos inimagináveis não só as instituições como as pessoas. 

O grupo de família, por mais afetivo que possa ser, é o verdadeiro câncer propagador de mentiras. Sempre há aquele primo ou tio que compartilha fatos sem checar. O assunto foi comprovado por um estudo divulgado em abril de 2018 pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo). 

Em tempos que os meios de comunicação são decisivos no contexto eleitoral, as redes sociais são os protagonistas. As eleições de 2016 e, principalmente, as de 2018 são provas dessa influência profunda. E a tendência é do acirramento ainda maior sobre o tema nos próximos pleitos. 

O impacto das redes sociais será crucial nas grandes cidades, como Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista, com um público eleitor mais abrangente, mas até em cidades de médio e pequeno porte o assunto tende a render. A disputa de 2016 já demonstrou um prévia superficial com vazamentos de áudios e mensagens mentirosas, mas não decisivas no contexto final. 

Em termos de Estado, uma das principais provas de fogo empreendidas pela gestão Rui Costa (PT) foi a pseudo greve da Polícia Militar, encabeçada pelo deputado Prisco (PSC). No jogo, o governo conseguiu vantagem. Mostra destreza da equipe e do que vão poder enfrentar em 2022, caso Rui queira ser maestro da sinfonia. 

Ainda na seara das fake news, a nível nacional, a CPMI do tema, presidida pelo senador baiano Angelo Coronel (PSD) e relatada pela deputada federal baiana Lídice da Mata (PSB), a cada sessão parece um episódio do programa humorístico Zorra. Porém, apesar dos chumbos trocados, principalmente entre os filiados do PSL e aliados de Bolsonaro, as revelações das tropas de propagação de mensagens encabeçadas pelo morador do Planalto, conforme as denúncias, são reveladoras. 

Os modus operandi de casos que já li são muito semelhantes ao que acontece nas eleições americanas, inclusive, fica o registro que vale a pena assistir ao documentário Privacidade Hackeada - disponível na Netflix. 

Será interessante acompanhar a antropologia eleitoral, sobretudo após a comprovação do Whatsapp como um meio de “confiança” daqueles conectados à internet. O problema é isso interferir com densidade nos processos eleitorais, onde as escolhas impactam o nosso cotidiano e, pelo andar da carruagem, com as fake news, para o mal.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

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