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Ô de casa, ô de fora

Imagem Ô de casa, ô de fora
Os reis magos demoraram, mas chegaram ao encontro do menino Jesus. O anúncio de Bruno Reis demorou, mesmo que de pré-candidatura, mas chegou  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 06/01/2020, às 06h50   Victor Pinto*


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A dúvida era Bellintani. Agora, com a desistência do presidente do Esporte Clube Bahia, os partidos correm para sambar na folia de Reis, ou de Bruno Reis. As siglas ou filiados, que antes estavam a banho Maria, agora desembocam na corrida pelo ungido da atual gestão do Palácio Thomé de Souza. Vide, principalmente, o bloco liderado pelo presidente da Câmara de Salvador, Geraldo Junior (SD), que antes fazia mistério e agora já mostra uma tendência de apoio.

O anúncio por ACM Neto (DEM), acostumado a promover suspense até os 45 do segundo tempo, como uma tática midiática de deixar o assunto sempre quente no noticiário e comentários políticos, acontece em uma data literal.

Os reis magos demoraram, mas chegaram ao encontro do menino Jesus. O anúncio demorou, mesmo que de pré-candidatura, mas chegou. Caso não fosse Reis o escolhido, o samba seria de decepção daquele que se coloca como preparado para administrar a capital do Estado.

Muito mais do que ungir Reis, ACM Neto, indiretamente e automaticamente, se lança pré-candidato ao governo em 2022. Dessa vez, não abre mão, ou o grupo não o deixará abrir, depois da confusão de 2018 e o lançamento de Zé Ronaldo (DEM) à cova dos leões, da mesma forma que o PT fez com Alice Portugal (PCdoB) em 2016.

Ô de casa! O resultado da escolha surge com expectativa caseira, já esperada, natural desde quando Reis foi escolhido como candidato a vice. Dessa vez, só Geraldo e Léo Prates (ex-DEM) tocaram o samba mais alto para avançarem na folia. De ambos, agora, há um movimento de vice, mas a tendência é que o movimento negro ou evangélico abocanhe esse espaço, como Neto fez em 2012.

Ô de fora! Foi a tentativa do núcleo opositor de Neto, encabeçado de Rui Costa (PT), buscar um quadro fora das fileiras orgânicas para concorrer ao pleito. Agora patina por um nome. Rui Costa (PT), pelo visto, não conseguirá ter consistência na corrida do Palácio soteropolitano.

Contudo, os três reis magos, Belchior, Gaspar e Baltazar, para atingir o êxito do percurso com os presentes - ouro, incenso e mirra - precisaram se guiar por uma estrela. Icônica no cenário religioso, ela também remete à semiótica política. O PT é o partido que carrega e se apropria do símbolo. Seria esse um sinal? Difícil!

Mas, diferente da tradição católica, há um evangélico no meio do caminho. Pastor Sargento Isidório, por mais que muito possam rir das suas peripécias, de doido ali não tem nada, tanto que se elegeu deputado federal mais votado do Estado e emplacou o filho na sua cadeira da Assembleia Legislativa com o mesmo patamar.

O certo é que cantar Reis não é pecado, pois São José também cantou, como entoa a letra da canção popular. Com o novo cenário formado, a liturgia até outubro será interessante e tende a repetir situações já vistas.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura política em sites e rádios de Salvador. Twitter: @victordojornal

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