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Coronel joga o barro na parede... será que cola?

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Se Coronel for à frente com a pré-candidatura de um lado e o PT do outro, quem terá mais votos e se firmará como eventual oposição a Bruno Reis?  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 27/01/2020, às 06h31   Victor Pinto


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Já diz o ditado no interior: “jogou o barro na parede, se colar, colou”. Essa é uma expressão usada quando alguém tenta algo para conseguir êxito. Foi justamente nessa essência que o senador Angelo Coronel (PSD) tenta emplacar sua pré-candidatura a prefeito de Salvador. Passou a Lavagem do Bonfim desapercebido sobre o assunto, mas só conseguiu dar visibilidade a medida nos últimos dias.

Já percorre os meios de comunicação soteropolitanos com Eleuza, sua esposa, a tira colo, como sempre faz em suas campanhas. Até o nome da ex-primeira dama do Legislativo baiano foi cogitado como uma eventual vice na chapa de Bruno Reis, o ungido de ACM Neto, mas tudo não passou de uma brincadeira.

Coronel entrou para valer para desbancar Marcelo Nilo (PSB) à frente da presidência da Assembleia Legislativa da Bahia e conseguiu êxito, principalmente, por apoio do bloco da oposição articulado por Reis. Com a cadeira no terceiro posto da sucessão do Executivo da Bahia criou musculatura.

Articulou a vaga do Senado, com as bênçãos do senador Otto Alencar (PSD), presidente da legenda no Estado. Esse foi o primeiro barro jogado. Deu certo. Deu liga. Teve peso para o posto, pois também recebeu o canto da sereia do grupo de ACM Neto que queria partido com musculatura para uma eventual candidatura ao governo em 2018, mas não deu certo. Coronel levou vantagem e atropelou Lídice da Mata, hoje deputada federal.

Antes mesmo de tomar posse como senador em 2019, com uma atitude ousada, conforme análise de muitos congressistas ouvidos, tentou jogar outro barro na parede: candidatura à presidência do Senado Federal. Conseguiu visibilidade, mas não deu liga.

Agora surge com essa nova empreitada. Sabe-se lá de onde saiu com essa articulação. Ex-prefeito de cidade do interior, com filho deputado estadual, o senador já recebeu a primeira “gaitada” de ACM Neto: o prefeito o ironizou ao primeiro sinal de crítica a sua administração do Palácio Thomé de Souza e afirmou que Coronel entende mais de Coração de Maria do que de Salvador. O que é uma verdade.

Nunca foi visto ou divulgado uma visita de Coronel em qualquer comunidade da periferia soteropolitana. E vale lembrar: o grosso do eleitorado do maior colégio eleitoral baiano está nos bairros populares e nisso Bruno Reis já segue com anos luz à sua frente.

Coronel, pelo que entendi, joga mais um barro na parede. Se colar, colou. Começa a articular com o Podemos do deputado federal Bacelar (esse sim tem uma noção e mapeamento da cidade) e o PP com Niltinho (muito pouca expressão local).

Há quem creia que Rui Costa (PT), o governador que não quer digitais nas eleições de Salvador, como fez nos últimos pleitos, para não correr o risco de ter uma derrota direta em seu currículo, teria se entusiasmado com a ideia. Bem possível que o grupo governista, com o nome de Coronel, se resuma em três frente: o PSD, o deputado federal Pastor Sargento Isidório (AVANTE) e alguém do PT (sem um nome escolhido). A tática do segundo turno ainda prevalece.

Por mais que Coronel possa não ter força, pode fazer barulho. Mas irá contra aqueles que já deram guarita em outras ocasiões? Otto passou um período muito quieto, mas tem se posicionado nos últimos tempos. No Bonfim saíram desgarrado dos aliados. Algo será interessante de ser percebido: se Coronel for à frente com a pré-candidatura de um lado e o PT do outro, quem terá mais votos e se firmará como eventual oposição a Bruno Reis? Sinais que vão refletir lá na frente.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É editor do BNews e coordenador de programção da Rádio Excelsior da Bahia. Atua em outros veículos e com consultoria. Twitter: @victordojornal

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