Artigo

Proposta de Abstinência Sexual

Imagem Proposta de Abstinência Sexual
É a educação sendo exercida em seu processo mais simples: transferência de conhecimento  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 27/01/2020, às 10h04   José Medrado*


FacebookTwitterWhatsApp

É sabido por qualquer minimamente estudioso do processo de crescimento cognitivo dos adolescentes, que a fase entre os 12 e 18 anos traz em si um forte processo de autodeterminação, visto que não são mais crianças, mas ainda não se plenificaram como adultos. Ao lado desta já natural instabilidade vem a explosão de hormônios, geradores, dentre suas manifestações, da percepção da outra pessoa como objeto de desejo e prazer sexuais. É, portanto, a fase que os responsáveis pela condução desta garotada precisam quebrar barreiras, vencer, muitas vezes, o próprio constrangimento e acolher o adolescente em conversas diretas, objetivas, como os tempos atuais pedem. É a educação sendo exercida em seu processo mais simples: transferência de conhecimento.

Infelizmente, mais uma vez, a ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, saca de uma “estratégia” mirabolante, que, não tenho dúvida alguma, faria o saudoso Chico Anísio criar um personagem para abordar o inusitado da sugestão. É o seguinte: em nota “técnica”, a ministra Damares afirma, em campanha de prevenção da gravidez na adolescência, lançamento para fevereiro, que o início precoce da vida sexual leva a comportamentos antissociais ou delinquentes, e afastamento dos pais, da escola e da fé, entre outras consequências, propondo, consequentemente a abstinência sexual ente a população mais jovem. Não coloco em dúvida essas vertentes como possíveis, claro, mas, caro leitor, olhe para o lado e veja a sua filha e o seu filho, como reagirão a esta proposta? Conhecendo esta garotada destes dias que correm, século XXI, ela vai dizer o quê? Primeiro, que, muitas vezes, a necessidade de confronto com os pais, em processo de autodeterminação de sua individualidade nasce exatamente de ser do contra, praticamente em tudo, daquilo que vem como norma, determinação. Assim, repito: esses adolescentes precisam ser orientados com argumentos para convencido, e não mais com os “é assim e pronto”, “é assim porque eu quero e pronto”, como ouvíamos dos nossos pais. Não funciona mais.

Diante desses desencontros naturais dos jovens, pois fazem parte do seu processo de adultização, eles querem amor, acolhimento, proteção e muita paciência em diálogos permanentes de instrução e educação para vida.

* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp

Tags