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Rui decepcionou Iemanjá

Imagem Rui decepcionou Iemanjá
Apesar de ser um senhor bonito, como diria Caetano Veloso, o tempo é implacável. Depois não seja tarde demais jogar rosas para Iemanjá  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 03/02/2020, às 07h55   Victor Pinto*


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O governador Rui Costa (PT), em entrevistas concedidas na última semana, prometeu novidades para os festejos de Iemanjá. Muitos especularam o anúncio da filiação da Major Denice Santiago no PT ou até a escolha final dos petistas pelo nome da militar da Ronda Maria da Penha para a disputa pela prefeitura de Salvador. Contudo, o petista decepcionou: além de não aparecer na festa, não articulou anúncio de algum fato novo.

Tinha tudo para ser A Novidade como cantou Gilberto Gil na canção com referência à uma sereia: “A novidade veio dar à praia / Na qualidade rara de sereia / metade o busto de uma deusa Maia/ Metade um grande rabo de baleia”. Não foi.  

Rui não apareceu e jogou o velho e bom “migué” da recomendação médica por causa da cirurgia de retirada de nódulos mamários. Essa foi a versão oficial. Internamente os próprios aliados contam que o petista não iria colocar a cara na rua após uma votação polêmica como foi a reforma da previdência estadual. Era certa a indisposição com possíveis manifestações. Por mais cedo que ele fosse, haveria o risco de tomar, nem que seja, uma vaia.

O governador e seus deputados aliados ainda vão colher da plantação da sexta-feira, dia 31 de janeiro. A votação às escuras, sem participação da imprensa, na sala das comissões, por decisão do presidente da Casa, deputado Nelson Leal (PP) e aliados, após a invasão do Plenário da AL-BA, foi algo reprovável. Argumentaram segurança, mas jornalista não estava portando arma e apontando pra deputado.

Voltando a festa do 2 de fevereiro: não teve novidade. Por isso o governador também deve ter decidido não descer do Palácio de Ondina à Colônia de Pescadores do Rio de Vermelho. Eram apenas 3,6 km de distância da sua residência à festa popular, uma das maiores do Estado.

Apesar das reuniões no sábado, véspera de Iemanjá, nada de novo saiu ou pelo menos foi divulgado aos mais próximos. A ladainha do calendário do partido que será cumprido continua. Enquanto isso o calendário de ACM Neto com seu pupilo Bruno Reis, em Salvador, está anos luz à frente.

Major Denice caiu de paraquedas e vai enfrentar as tendências petistas, algumas delas que pregam prévias internas, como o caso da pré-candidata Vilma Reis, com total crédito para sua argumentação.

Apesar de Lula ter sido simpático a conjuntura que favorece Denice no âmbito das predileções que cercam o Palácio de Ondina, quando o assunto é levado ao chão de fábrica petista, os orgânicos esbravejam e enxergam em Rui a posição de ACM, o original, que seguia o modus operandi de colocar seus escolhidos como candidatos de cima pra baixo. Jaques Wagner fez essa mesma articulação ao apoiar Rui, contrariando a simpatia de Lula por Gabrielli.

A base governista repete os erros de 2016. Passou Folia de Reis, passou Bonfim e não surgiram nomes confirmados como ungidos do Palácio. Passou os festejos do Rio Vermelho e o mesmo cenário. Vai chegar Carnaval, período o qual Denice deve se filiar ao PT, mas ainda sem perspectivas de decisões. Apesar de ser um senhor bonito, como diria Caetano Veloso, o tempo é implacável. Depois não seja tarde demais jogar rosas para Iemanjá.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É editor do BNews e coordenador de programção da Rádio Excelsior da Bahia. Atua em outros veículos e com consultoria. Twitter: @victordojornal

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