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Quando a presença não dá voto

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Ou a presença não dá voto mesmo - e isso vamos ver na eleição deste ano por dentro da própria base governista em suas definições e a campanha futuramente na rua - ou o governador chutou o balde mesmo  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 02/03/2020, às 10h33   Victor Pinto*


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O Carnaval tem todo o seu protocolo de eventos políticos que acontecem enquanto foliões curtem a festa nas ruas e camarotes. Mas a folia de Momo de 2020, para o noticiário político, foi bem fraca. Foi-se o tempo dos embates mais fervorosos e articulações eleitorais em um ano de eleição mais acirrados que geravam uma corrida atrás das fontes. Esse ano tivemos ausências, não só físicas, como foi o caso do governador Rui Costa (PT) e de outros tantos aliados, como também de fatos decisivos.

O Carnaval já foi recheado de fontes da política nacional. Tivemos o Ministro do Turismo de passagem de supetão e o governador de São Paulo, João Doria, ambos, pelo menos, deram uma movimentada. Salvas as polêmicas do embate do deputado e cantor Kannário com a Polícia Militar, o esvaziamento do Campo Grande e a super lotação da Barra, somada a estratégia da PM nos primeiros dias, nada tivemos de novidades.

O governador Rui, como mencionado, sumiu. E tem feito isso em grande eventos de maneira rotineira. Alegou que presença não dá voto. Para quem não vai mais se candidatar ao governo, verdade.

Antes havia um entendimento que o Estado queria dividir com a prefeitura os holofotes da organização. Utilizavam o argumento que milhões de reais eram despejados em serviços, principalmente na segurança pública, em diversos trios para folião pipoca e auxílio de verbas. Rui, nos primeiros anos como governador, até como pré-candidato, fazia uma marcação cerrada. Atualmente largou de mão.

Faltou, pela segunda vez, à cerimônia de entrega das chaves da cidade ao Rei Momo na abertura do Carnaval, que este ano foi na Barra, faltou à saída do Ilê Ayê, algo não comum, mas que repercutiu internamente. O petista não gostou nada de ver a troca de acenos de Bruno Reis, pré-candidato de ACM Neto à prefeitura, com o grupo da Ladeira do Curuzu.

Só passou na Barra/Ondina na pipoca de Bell Marques - pago pelo Estado; apareceu na saída do Olodum e concedeu coletiva no domingo ao visitar os praticáveis das tevês. A mudança de postura é estranha.

Resultado: ACM Neto dominou o noticiário. Visivelmente nos sites e jornais e estatisticamente pelo levantamento da MidiaClip das transmissões locais e nacional televisivas.

Até o presidente da Câmara de Vereadores, Geraldo Júnior, soube aproveitar mais os holofotes que o governador. O presidente do Legislativo ficou à frente de Rui e também de Bruno Reis, uma sombra de ACM Neto, na quantidade de horas em exposição.

Ou a presença não dá voto mesmo - e isso vamos ver na eleição deste ano por dentro da própria base governista em suas definições e a campanha futuramente na rua - ou o governador chutou o balde mesmo e não tava afim de participar, já que não tinha mais a desculpa do procedimento cirúrgico que fora feito no início do ano.

Sobre a ainda questão da presença, tem outro ditado popular que muito político leva consigo: quem não é visto, não é lembrado. Ou quer se privar de algo. O Bolsonaro de 2018 que o diga.

Classificação Indicativa: Livre

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