Coronavírus

Ganância disfarçada de solidariedade

Imagem Ganância disfarçada de solidariedade
Banco oferece limite maior em cartão de crédito e diz que é para ajudar famílias em tempos de pandemia  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 19/03/2020, às 10h26   Yasmin Garrido


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Mercado de portas cerradas, trabalhadores informais desesperados com a renda mensal comprometida, salários reduzidos à metade. Tudo isso faz parte dos impactos do novo coronavírus sobre a economia do país. E, na contramão de todas as ações sociais que têm surgido, um banco está oferecendo 10% a mais de limite no cartão de crédito para correntistas ou não correntistas.

Ora, se o momento é de corte de gastos, diante da incerteza econômica, o que leva uma instituição bancária a incentivar o endividamento? Os juros aplicados a cartões de crédito são os mais altos e cruéis do país, motivo da negativação da maioria dos brasileiros. Em se tratando do tal banco, o atraso no pagamento de uma fatura leva a aplicação de quase 15% de juros sobre o valor total, com acréscimos à medida que os meses passam.

Enquanto os bancos prorrogam o pagamento de contas, uma instituição incentiva o consumo sob a máscara da segurança. O que deveria fazer com que um limite de crédito aumente seria o aumento da renda. Logo, se a pessoa ganha mais, pode gastar mais. Mas, é impensável a sugestão de ‘com a renda congelada, você pode gastar mais’.

Além da pseudo solidariedade, o banco afirmou que a medida está em consonância com a Resolução n° 4.782 de 16/3/2020, publicada pelo Conselho Monetário Nacional, que estabeleceu, “por tempo determinado, em função de eventuais impactos da Covid-19 na economia, critérios temporários para a caracterização das reestruturações de operações de crédito, para fins de gerenciamento de risco de crédito”.

Em nota, a instituição bancária afirmou que “o aumento do limite do cartão de crédito é uma medida que permite jogar para a frente o pagamento de algumas despesas, o que pode fazer a diferença para quem já teve o orçamento afetado pelas mudanças na conjuntura econômica.”

*O nome da instituição financeira foi preservado pelo BNews.

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