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Adiar ou não adiar as eleições? Eis a questão!

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A engrenagem de quem vive da política de dois em dois anos não quer. Quem quer baratear o sistema quer. As eleições desgarradas facilita o poder de escolha mais minucioso. Mas e então? Eis a questão.  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 23/03/2020, às 09h30   Victor Pinto


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Por ser da área da cobertura da política e ver a pandemia do coronavírus afetar diversos setores, não tem como não se alertar para o impacto que a Covid-19 e suas repercussões farão no pleito marcado para outubro deste ano. O problema não é a data de ir às urnas no primeiro domingo do referido mês, pois, segundo expectativas do Ministério da Saúde, até lá as infecções já estarão controladas, mas a campanha eleitoral. 

A janela partidária está em curso, mas ninguém tem cabeça agora para articular mudança de partido. As convenções são em julho, a campanha densa em agosto/setembro, quando ainda estaremos, pelo menos é o que o atual cenário nos mostra, passando por problemas vinculados ao corona. 

Como fazer a campanha dessa forma? Como liberar dinheiro do fundo partidário para esse tipo de operação sendo que a Saúde, principalmente, é o setor que mais precisa?! Sejamos honestos: depois da queda, o coice. Vamos ter turbulência econômica pela frente e mesmo assim o oba oba que toma conta dos municípios vai perdurar? Acho complicado. 

Rodrigo Maia, presidente da Câmara Federal, pediu muita calma nessa hora. O ministro Barroso, que assume a presidência do TSE, pediu mais hora nessa calma. Deputados já protocolam propostas para empurrar o pleito para 2021, como é o caso do deputado federal Fábio Ramalho. Outros acreditam que é o momento de concretizar o que a reforma eleitoral sempre quis: aumentar o mandato dos prefeitos e vereadores e fazer eleição única, para todos os cargos eletivos, em 2022. 

A engrenagem de quem vive da política de dois em dois anos não quer. Quem quer baratear o sistema quer. As eleições desgarradas facilita o poder de escolha mais minucioso. Mas e então? Eis a questão. O assunto já está no radar. Tem preocupado setores da oposição nos mais diversos municípios que não veem a hora de tentar a vaga na viúva (como o povo do interior chama a prefeitura) e setores governistas que querem mais dois anos no poder. Vai ser uma briga de foice.

EXEMPLO - Não queria deixar de registrar nesses escritos o elogio recente que fiz ao governador da Bahia, Rui Costa (PT), e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), durante um comentário na Rádio Excelsior da Bahia. Tudo bem, os dois não tem feito mais do que suas obrigações como gestores públicos que foram eleitos para tal, mas dão exemplo para o Brasil sobre as suas posturas como estadistas.

Ambos, inimigos politicos, dos polos opostos da política baiana, um PT e outro DEM, rivais de lideranças de blocos, têm dialogado e buscado amenizar o drama da Covid-19, na prevenção e no cuidado, olhando o povo. O partido dos dois é o povo e tomara que possam demonstrar mais gestos nesse sentido. 

Neto e Rui dão um tapa de luva na gestão federal. Apesar de estarem preocupados com a gestão da economia do Estado e da Capital, ambos deixam evidentes que a vida e a saúde estão à frente. Diferente do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que não saiu do palanque. Rui, inclusive, tem lucrado, mais uma vez, no cenário nacional com medidas que peitam o chefe do Planalto. 

A Bahia só ganha com a unidade de Neto e Rui. Fica o questionamento: a descentralização do poder, pulverizado em dois grupos, e a unidade deles no momento de crise, mostra que o modelo tem dado certo. Resta saber se o povo vai querer manter.

* Victor Pinto é jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É editor do BNews e coordenador de programação da Rádio Excelsior da Bahia. Atua em outros veículos e com consultoria. Twitter: @victordojornal

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