Lula vai acabar reelegendo Bolsonaro

Em mais um de seus inúmeros devaneios rancorosos desde que saiu da prisão, o ex-presidente Lula (PT) teve a capacidade de ver algo positivo no novo coronavírus. Na visão torta do líder petista, o estrago produzido pela pandemia na agenda econômica liberal do governo Bolsonaro tem um lado bom.

"Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar a solução para determinadas crises", regurgitou em uma live na tarde dessa terça-feira (19), dia em que o país registrou o recorde de mil mortes em apenas 24 horas. O vídeo oportunamente logo começou a viralizar nos "zap zaps" bolsonaristas, virando mais uma arma contra o PT.

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Essa é só mais uma entre tantas outras declarações lamentáveis vomitadas após deixar a carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. O ódio contra seus algozes o cegou?

É fato que Lula vem perdendo sistematicamente a capacidade de liderar o movimento anti-Bolsonaro. Seu ego gigantesco o impede de unir as esquerdas e atrair a simpatia da grande mídia - em especial a Globo, a mais oposicionista de todas no momento, atacada por ele um dia após a soltura no palanque do Sindicato dos Metalúrgicos.

Bolsonaro e Lula se retroalimentam. Os lulistas, aliás, dominaram a arte das "fake news" muito antes (Marina Silva que o diga). Bolsonaro só venceu nas urnas em 2018 porque foi a única figura capaz de nivelar-se na guerra de narrativas.

Se o "Capitão Corona" não sofrer um impeachment até 2022, já pode apostar na polarização. 

Ganhará com facilidade.

[Se você é petista e veio aqui desqualificar-me, aproveite e leia meu artigo da semana passada "Culpado ou inocente, o Bolsonaro de 2018 acabou". Aqui ninguém passa pano.]

*Henrique Brinco é repórter de política do BNews e do jornal Tribuna da Bahia, tendo passado pelos principais portais de notícias do estado.