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Racismo estrutural

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Bnews - Divulgação

Publicado em 01/06/2020, às 15h28   José Medrado


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O fim de semana foi agitado, no Brasil e no mundo, por estas terras brasilis começamos a ver uma espécie de insurgência às posturas de estímulos de concentração dos apoiadores do presidente da República, o que, de certa forma era esperado, uma vez que sempre ao proclamar a assertiva de que o povo quer isto, o povo pede aquilo, havia um equívoco de entendimento, pois o presidente não foi eleito pela unanimidade dos votos brasileiros, mas por sua maioria, que pode, segundo algumas pesquisas, ter mudado, uma parte, ou se arrependido de posições. 

Mas quero pautar este despretensioso nas manifestações antirracistas que estão sacudindo os norte-americanos, após o assassinato de um negro já algemado, imobilizado por um policial branco. Sem dúvida é uma situação mundial, inclusive no Brasil, o racismo ora escamoteado, ora explícito, sendo que muitas vezes nós não nos damos conta que estamos com ele estruturado em nossa sociedade, e nem percebemos que o usamos. Não se trata de bobagens, do politicamente correto, absolutamente, mas, sim, de um conceito de inferioridade estabelecido, reafirmado. 

Acompanhava a transmissão desses eventos pela Globonews, quando a apresentadora (vi e ouvi, não é de ouvir falar, inclusive postei o momento em meu instagram @josemedrado) começa a relatar que um homem negro e sem camisa estava sendo preso em Manhattan, mas que ela não sabia o motivo, mas deduzia que ele deveria estar batendo alguma carteira. Oi, como? Se ela não sabia o motivo porque deduziu que fosse um ladrão. É isso, caro leitor, cara leitora: isso é racismo estrutural. O racismo não se estabelece em um não gostar de negros, pura e simplesmente, mas se evidencia em condições que perpassam as esferas do subjetivo, do inconsciente, até penso que não por maldade, mas ali está se manifestando, na velha história de que “branco correndo é atleta”, mas “preto correndo é ladrão”. É isso.  

O problema é que a maioria das pessoas vêm essas questões como fatos moralistas e se esquecem que aí há raízes de opressão, de tentativa de inferiorizar, por, vamos lá, tradição cultural infeliz de uma sociedade que se nega a perceber que quando falamos “que negão forte”, “que negra bonita” estamos inferindo que os são apesar de negros. 

Seria tão simples, se colocássemos em prática: “ Faça aos outros o que gostaria que os ostros lhe fizessem”. Certamente vão saber quem proferiu tal sentença.

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