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O Brasil vai falhar com Sara Winter também?

Imagem O Brasil vai falhar com Sara Winter também?
Leia o artigo do jornalista Henrique Brinco  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 03/06/2020, às 17h42   Henrique Brinco


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Não se surpreenda se Sara Winter for eleita em algum canto do Brasil nas próximas eleições - isso se ainda tivermos eleições num futuro próximo. A "ativista" ganhou destaque no noticiário no último fim de semana por liderar uma uma marcha tenebrosa muito parecida com as promovidas pelo grupo neonazista "Ku Klux Klan", que defende a "purificação" da sociedade nos Estados Unidos.

Na versão tupiniquim, acompanhada de outros 30 cúmplices em um grupo intitulado "Os 300 do Brasil", Sara foi até a porta do Supremo Tribunal Federal fazer ameaças contra ministros - em especial, Alexandre de Moraes, autor da bem sucedida e cirúrgica operação de combate contra as redes de fake news no país.

Os companheiros de Sara apareceram no local com tochas e com o rosto coberto (alguns deles com a máscara do personagem de filmes de terror "Jason"). Não estavam querendo cobrir o rosto em função da pandemia. Queriam afastar qualquer possibilidade de reconhecimento facial, mesmo.

Sara é uma marqueteira de mãos cheias. Ganhou destaque na mídia inicialmente ao ser fundadora da variante brasileira do grupo feminista "Femen". Depois, atuou em um grupo próprio semelhante, o "BastardXs". Nesse período, enviou um vídeo de inscrição para o reality show "Big Brother Brasil", da TV Globo, mas foi vetada pela produção. A partir de 2015, converteu-se ao conservadorismo e passou a defender pautas da extrema-direita. É hoje uma das principais entusiastas de Jair Bolsonaro.

Com a marcha do fim de semana, Sara finalmente conseguiu o holofote nacional que tanto almejou, aparecendo nos principais telejornais da televisão aberta. Teve publicidade gratuita, mesmo sendo apontada negativamente na mídia. Para esse pessoal que concorda com a ideologia dela, só o fato de conseguir aparecer é um trunfo. Se for presa, melhor ainda. Vira mártir. Será a melhor campanha eleitoral que ela poderia ter.

Bolsonaro também teve atitudes extremistas no passado. Nos anos 90, declarou na TV que, na ditadura, os militares deveriam ter fuzilado "uns 30 mil corruptos a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso". Ele também defendeu o fechamento do Congresso e não poupou palavras: "Eu sou favorável à tortura, você sabe disso. E o povo é favorável". Mais recentemente, durante o impeachment de Dilma Rousseff, defendeu um torturador dentro do Congresso Nacional.

Não foi cassado lá a trás. Não ficou inelegível. Não foi punido. E hoje estamos pagando um preço alto por isso.

Fica a pergunta: O Brasil vai falhar com Sara Winter assim como falhou com Bolsonaro? Não podemos correr esse risco mais uma vez.

*Henrique Brinco é repórter de política do BNews e do jornal Tribuna da Bahia, tendo passado pelos principais portais de notícias do estado. Twitter: @brinco

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