Artigo
Publicado em 05/06/2020, às 10h05 Heraldo Rocha*
Talvez uma das poucas certezas em 2020, falando-se de Brasil é que teremos eleições em 2020.
Podemos até questionar se haverá um breve adiamento ou mudanças nos horários, dias da eleição, mas, sim, até por questões constitucionais tenha certeza você que é candidato a vereador (a) ou Prefeito (a) da sua cidade, até final de 2020, teremos sim eleições.
E este foi o mote deste artigo, tentei me imaginar como se fosse candidato as eleições proporcionais ou majoritárias este ano e que reflexões eu faria.
A primeira delas é a total incerteza quanto à questão do cenário da saúde pública nos meses de outubro a dezembro deste ano. Existe alguma possibilidade real de medicamentos, cura, vacina ou real queda de contágio até este período? E que impactos isto trará na forma de fazer campanha, na eleição em si e no espirito do eleitor.
A segunda reflexão é na importância ainda maior da pré-campanha, período não oficial de campanha, mas, que decide muitas eleições, principalmente dos “marinheiros de primeira viagem”, ou seja, aqueles que buscam seu primeiro mandato.
Outro elemento é não esquecer um crescimento ainda maior da pouca boa vontade do eleitor com politica e com políticos, principalmente com os candidatos que prometem mudanças significativas em um cenário de total descrença. O eleitor quer saúde, quer melhoria da economia, quer emprego, quer renda, quer entretenimento e não campanha.
A quarta reflexão é que entra ainda mais em cena, talvez com uma força muito acima das eleições anteriores, o virtual, o remoto. As próprias e marcantes convenções partidárias com certeza serão virtuais, afinal nestas convenções, os partidos não escolhem e sim apresentam candidatos.
E neste contexto do virtual, nada será mais forte nesta eleição que o marketing eleitoral digital, as redes sociais e os mais diversos canais de comunicação virtuais.
E pelo amor de Deus, todo cuidado com o amadorismo, imaginando que postagens bem produzidas, substituem a coerência com a identidade do candidato, a estratégia eleitoral e o conceito mais amplo de marketing, envolvendo elementos como posicionamento, público-alvo e customização das ações.
Cabe inclusive já me comprometer em escrever um artigo só falando em redes sociais, com um dos parceiros do nosso programa de mentoria política nesta área.
E o calendário eleitoral como fica? Serão necessárias adequações nas estratégias, na pré-campanha, a campanha em si e até no dia da eleição? Esta é a quinta reflexão, ganha também peso entender melhor características e limites de cada fase deste eterno e confuso calendário eleitoral. Cadê aqui uma ressalva, confuso para nós candidatos, risos.
Fica claro até aqui que talvez tenhamos uma eleição única na forma de fazer campanha eleitoral e da mesma forma que este cenário de pandemia, o mundo político nunca viveu com tanta intensidade as necessárias e significativas mudanças que precisará viver em 2020.
E você candidato deve estar se perguntando, o que posso fazer com tanta imprevisibilidade, ineditismo e incertezas?
Sem dúvida, aqui vem a sexta e última reflexão a ser partilhada. Além da necessidade de acompanhamento continuo das decisões, dinâmica e mudanças que ocorrerão na legislação eleitoral e no modus-operandi de fazer campanha, inclusive à pré-campanha, nada mais importante que um planejamento bem estruturado da sua pré-campanha e campanha eleitoral. Algo que passa ainda muito longe das principais campanhas no Brasil, principalmente as proporcionais.
Portanto, você que é candidato, se esta talvez seja uma eleição única e você quer ter chances reais de ganhar o pleito, se prepare, se qualifique, faça uma leitura mais realista deste ineditismo eleitoral, planeje de verdade sua campanha e faça diferente das chamadas práticas tradicionais e ultrapassadas do universo eleitoral.
*Médico, Gestor Público, Ex-Deputado Estadual e Mentor nas áreas de Gestão Pública/Politica Eleitoral
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