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Sua excelência, o desembargador

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Publicado em 20/07/2020, às 10h04   José Medrado


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Lembrava, - quando vi o episódio caricato do juiz em Santos, que no auge da sua arrogância, humilha o servidor público, chamando-o de analfabeto e rasgando a notificação por transitar sem máscaras, - de um episódio ocorrido em 2011, quando uma agente de trânsito do Rio de Janeiro, Lucian Silva Tmburini, parou uma dessas excelências juízes, durante uma blitz da lei seca, que estava sem a carteira de habilitação e com o carro sem placa e sem documento.

A agente pública foi processada e condenada a indenizar ao juiz João Carlos de Souza Correa, em R$ 5 mil, por danos morais. De acordo com o processo, a agente agiu de forma irônica e com falta de respeito ao dizer para os outros agentes “que pouco importava ser juiz; que ela cumpria ordens e que ele é só juiz não é Deus”. O magistrado deu voz de prisão à agente por desacato, mas ela desconsiderou e voltou à tenda da operação. O juiz apresentou queixa na delegacia e a processou. 

O juiz amigo de del Bel, que segundo este não o conhece nem de vista, já é reincidente, em outra oportunidade em que  Eduardo Almeida também foi abordado pelo mesmo erro, chegou ao clímax do esnobismo ao falar em francês – risível – com o agente público. Esses senhores se esquecem que não transitam por corredores monárquicos, que são cidadãos iguais a qualquer um de nós, ou será que esqueceram lá atrás no banco do Direito que todos são iguais pera as leis?

A verdade, no entanto, é que, seguramente, busco ser estudioso do comportamento humano e percebo que nesses arroubos de arrogância e pretensa superioridade, pode também se encontrar um psicológico conturbado, não raro, em negação de si mesmo, dos seus complexos de inferioridade e baixa autoestima e que, nesses momentos, de confronto, se afirma diante da sua estatura moral. Elis Regina já em seu Canto de Ossanha propunha: Homem que diz sou, não é; porque quem é mesmo é não sou. Ora, como respeitar a quem cabe dar materialidade a lei, se não a cumpre...

O pior de tudo isso é que nada acontecerá, e esses senhores continuarão se valendo dos seus amigos Del Bel (rs) para se firmarem em sua estatura. Lamentável e vergonhoso, talvez até para os possíveis netos, ou não. Esses tipos de personalidade criam uma rede do amigo, do tio, que é filho do avô, do pais do vizinho que é a autoridade.

O agente público foi impecável, e acredito que não agiria deferentemente com qualquer outro, mas se fosse outro policial e o infrator um jovem negro e dissesse algo semelhante, o que teria acontecido? Só refletindo.

Classificação Indicativa: Livre

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