Covid-19: transformações na educação

Publicado em 21/08/2020, às 18h32 Amélia Maraux*

Tudo muda o tempo todo no mundo... Nunca este verso foi tão acertado como este ano, frente às mudanças causadas pela pandemia da COVID_19. E, neste contexto de mudanças, as pessoas e instituições buscam estabelecer caminhos de normalidade. Mesmo com a dor da perda de mais de cem mil pessoas, não podemos desistir de viver. A responsabilidade que repercute sobre as instituições é diferenciada e precisa considerar que, neste novo normal, será preciso incluir os que mais são vitimizados pelos impactos do Coronavírus em todas as relações sociais.

Neste contexto, as Universidades públicas cumprem um papel fundamental: o de se colocar como portas de entrada para que a comunidade acadêmica e outras populações vinculadas aos territórios em que se inserem sejam acolhidas em diferentes sentidos. Precisamos considerar a universidade como caixa de ressonância da atenção e cuidado em saúde, além da projeção de diálogos estratégicos para repensarmos a sociedade nas etapas “com” e “pós” COVID_ 19.

Na Universidade do Estado da Bahia, maior instituição pública de ensino superior do norte e nordeste do país, na perspectiva da multicampia e de territórios abrangidos - tenho contribuído com o processo de definição das estratégias para o desenvolvimento de diversas ações. Na condição de Pró-Reitora de Ações Afirmativas na atual gestão do Reitor José Bites, coordenei a Comissão Especial, designada pela Resolução do Conselho Superior Universitário - Consu, Nº 1.412/2020 que teve por finalidade elaborar documento referencial para o desenvolvimento das ações institucionais no ensino de graduação e pós-graduação, na pesquisa, na extensão, nas ações afirmativas e na assistência estudantil, em função do estado de calamidade pública decorrente da Pandemia. Não é um trabalho carreira-solo, haja vista o envolvimento e a capacidade decisória de diferentes atores/atrizes da UNEB, como o do Fórum de Diretores/as dos departamentos dos 24 Campi que assumiu a importante tarefa de consolidar os instrumentos de diagnósticos fundamentais para o conhecimento da realidade e para a tomada de decisão da gestão universitária.

Foram várias reuniões até chegarmos ao produto final. Nós da UNEB defendemos o diagnóstico situacional como medida preliminar para toda e qualquer iniciativa de retomada das atividades acadêmicas. Afinal, estamos em quase toda a Bahia, o que precisa ser dimensionado para a adoção das medidas emergenciais que o momento requer. É nesta etapa que nos encontramos: de verificação das reais condições de vida, saúde e inserção tecnológica dos estudantes, docentes e corpo técnico, mas isso não significa que a COVID_19 parou a UNEB. Os nossos departamentos prosseguem no desenvolvimento de ações administrativas, planejamentos pedagógicos, ações de pesquisa, extensão e pós-graduação e outras ações integrativas das mais variadas, sendo estas medidas indispensáveis para o momento, através do trabalho remoto. Estamos produzindo ações para o retorno das atividades de graduação, através da mediação tecnológica.

Aos poucos, começamos a reestabelecer a nossa rotina, acompanhando as orientações dos órgãos públicos que, ao menos aqui na Bahia, tem adotado as medidas de cautela para preservação da vida e da saúde coletiva, além da reversão do vírus em nosso Estado. Já podemos frequentar espaços públicos, retomar as atividades esportivas e o trabalho externo. De maneira sempre cautelosa e, cada um, assumindo o risco do gozo de suas liberdades individuais, iremos nos adaptar ao novo normal.

Se nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia, agora é o momento de reafirmarmos o papel da UNEB para o desenvolvimento do Estado da Bahia, garantindo que as/os outras/os negadas/os assumam a autoria de sua história, através da valorização de seus saberes e práticas.