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Bolsonaro vai ter um Bolsa Família para chamar de seu 

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Bnews - Divulgação

Publicado em 24/08/2020, às 13h53   Victor Pinto*


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Bolsonaro descobriu a mina de ouro para cavar sua reeleição. Mais do que isso: vai beber na fonte do petismo para poder se viabilizar. O auxílio emergencial que fez aparecer brasileiros desconhecidos pela União, como o próprio ministro Paulo Guedes chegou a afirmar, mostrou o caminho a ser trilhado pelo chefe da nação que desde 2018 não saiu do palanque para governar: a criação do Bolsa Família de Bolsonaro 2.0. 

Guedes tem a ideia de criar o Renda Brasil com uma nova roupa do modelo petista de distribuição de renda aos mais pobres. Quer turbinar o estilo do benefício e deve acrescentar mais 8 milhões de pessoas aos números do Bolsa Família ainda vigente. Também surgirá a Casa Verde Amarela, um Minha Casa, Minha Vida remodelado. Um adendo: atitude louvável, pois quanto mais as camadas populares venham ser beneficiadas, a economia pode girar e melhores oportunidades poderão ser dadas. 

O PT fez isso quando chegou ao poder. Lula, espertamente, reuniu em um só lugar todos os programas de distribuição de renda da era Fernando Henrique Cardoso e fez a bolsa implacável de qualquer tentativa da oposição. O mesmo deve ocorrer agora. 

Mas, só para registro, Bolsonaro tem feito tudo dito por ele que não seria feito. Na campanha concordou ser contra reeleição, mas, como já disse, não saiu do palanque e visa tentar se viabilizar para 2022. Condenou a CPMF e agora tenta enfiar um novo imposto por transações digitais goela abaixo. Não faria a política do toma-lá-da-cá e agora se curva ao Centrão no Congresso.

Ele também era contra o Bolsa Família ao qual se agarrará para se eleger. Certa feita disse em discurso no Plenário da Câmara Federal quando deputado: “O governo federal dá para 12 milhões de famílias em torno de R$ 500 por mês, a título de Bolsa Família definitivo, e sai na frente com 30 milhões de votos", afirmou em discurso no Plenário. Logo depois, completou: "Disputar eleições num cenário desses é desanimador, é compra de votos mesmo".

Outra opinião sua sobre o programa antes de assumir a cadeira: “O Bolsa Família nada mais é do que um projeto para tirar dinheiro de quem produz e dá-lo a quem se acomoda, para que use seu título de eleitor e mantenha quem está no poder", disse aos colegas. 

Em 2017, em um evento em Barretos (SP), não amenizou: ”Para ser candidato a presidente tem de falar que vai ampliar o Bolsa Família, então vote em outro candidato. Não vou partir para a demagogia e agradar quem quer que seja para buscar voto”. O cenário mudou rápido, pelo visto.  

Bolsonaro faz agora do Nordeste a sua “morada” dos compromissos institucionais. Tem buscado pautas constantes para visitar a região brasileira que até então é ainda o porta estandarte do petismo. O auxílio fez por onde ter um atalho de discurso junto as camadas mais pobres da população. Vai tentar aproveitar a todo custo essa brecha. Pesquisas recentes mostram sua evolução após, principalmente, ficar mais calado.

Eu penso, se isso é a nova política, eu não sei mais o que é a velha. Se o Bolsa Família, distribuir dinheiro para o pobre, é compra de voto institucionalizada, o Renda Brasil será o que? Aguardemos. 

Victor Pinto é editor do BNews, jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura jornalística e na área administrativa de rádios em Salvador.

Twitter: @victordojornal

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