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Imunizar é preciso

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Publicado em 11/09/2020, às 10h04   Heraldo Rocha


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É muito mais grave do que se pensa a notícia de que o Brasil não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas infantis, registrando inclusive queda de até 27% em cinco anos para alguns deste imunizantes. Para além do risco de retorno iminente de várias doenças, como o sarampo, estamos diante de um quadro que pode provocar sérios problemas e comprometer nosso sistema de saúde, já bastante afetado pela pandemia do novo coronavírus. 

O que estamos vendo hoje em dia contrasta com a situação do Brasil, que sempre foi uma referência mundial no quesito imunização. Além de ter sido pioneiro na introdução de diversas vacinas no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS), o país conseguia manter um acompanhamento da atenção básica que garantia altos índices de vacinação. 

Contudo, estamos observando nos últimos anos quedas nas taxas de imunização, o que acende o sinal de alerta em plena pandemia. Muito mais do estatísticas, estamos falando do risco de retorno de doenças erradicadas no país, o que pode causar milhares ou até mesmo milhões de vítimas, elevar potencialmente os gastos com saúde e ver o surgimento de uma nova epidemia. 

Diante deste quadro, é ainda mais preocupante ver surgirem movimentos antivacina. Neste momento em que enfrentamos, ainda, essa onda de fake news, a disseminação de informações falsas sobre os imunizantes é um agravante ainda maior. Antes de chegarem ao público, as vacinas passam por processos rigorosos, que envolvem estudos densos e testes até que seja validada. 

Neste sentido, estamos vendo também um certo movimento em relação à futura vacina contra a covid-19. Diversos estudos pelo mundo, alguns deles no Brasil, estão avançando para que tenhamos um imunizante seguro e eficaz para combater esta pandemia que já tirou dezenas de milhares de vidas, mais de 128 mil delas no Brasil. 

Não podemos permitir que esse tipo de movimento antivacina prospere. É necessário que todas as esferas de governo trabalhem em conjunto para, por um lado, garantir a ampla divulgação de informações verdadeiras sobre as vacinas, de forma a conscientizar a população e, por outro, promover investimentos na atenção básica para que este acompanhamento seja feito de forma mais próxima das pessoas. 

O momento é de alerta e precisamos compreender os graves riscos aos quais estamos sujeitos se nada for feito para reverter essa queda nas taxas de imunização. Diante do atual quadro, eu acredito que é necessário o envolvimento amplo dos mais diversos segmentos da nossa sociedade: sindicatos, maçonaria, Rotary Club, entidades religiosas e clubes de futebol, entre outros. Todos precisam ser convocados para um mutirão em favor da vida e em defesa das crianças.

Heraldo Rocha - médico, ex-deputado estadual e ex-secretário estadual

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