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 A pandemia acabou?

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Pelo visto sim e a vacina tem o nome de campanha eleitoral  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 14/09/2020, às 06h00   Victor Pinto


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Pelo visto a pandemia acabou e o nome da vacina é campanha eleitoral. Estou assustado com os inúmeros vídeos e fotos que tenho recebido de cidades interioranas, cuja política em ano de escolha de prefeito e vereadores se torna pulsante, mas ao mesmo tempo irracional. Será que as 131 mil pessoas morreram por nada? Quem ficou banalizou o problema da saúde. 

Carreatas, aglomerações, gente sem máscara, gente bebendo, paredões, foguetes, arrastão. Esses são alguns dos cenários identificados. Ou seja, se uma nova onda surgir na Bahia, não culpem os governantes. É aquela máxima: o Estado sozinho não tem força para realizar determinadas medidas e é necessária a conscientização popular. 

O ex-ministro da Saúde, Mandetta, foi certeiro em sua previsão, em meados de abril: iríamos entrar em declínio no mês setembro. Isso tem acontecido em diversos Estados brasileiros, inclusive a Bahia, mas ainda não é hora de vacilar. Eu me preocupo, não com quem tem condição de acesso fácil às unidades de saúde, mas quem pode não conseguir se uma nova bolha estourar. 

Se já destampou tudo dessa forma, então volta tudo ao normal. Há quem reclame e jogue a desculpa de ser contra a reabertura total do comércio, das escolas, das igrejas por provocar aglomeração, agora se balançar no capô de um carro, na garupa de uma moto, aglomerar de uma maneira não controlada, isso pode? 

Certa vez escrevi sobre a mudança do cenário da campanha que ganhará um caráter mais virtual. Cheguei até pouco tempo comentar em meu perfil do Twitter: “quem me conhece sabe que amo campanhas eleitorais: neste ano, sigo desolado com essa nova forma de fazer política. As convenções? Uma frieza. Pedras de gelo. Em cidades do interior ainda vejo mobilizações, mas não tem o mesmo vigor de quatro anos atrás”. Ledo engano. O que mais vi nesse fim de semana foi o desrespeito às normas sanitárias. 

Tudo bem, há quem critique o fato da realização da eleição, mas no compasso do frágil fio democrático e do ordenamento jurídico, ela se torna extremamente necessária. Foi tentada uma adaptação das normas e prazos, via Congresso e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas controlar um povo preso por seis meses diante de tantas restrições fez nutrir uma cegueira que só me lembra Saramago. 

Tenho receio do que pode surgir depois disso tudo. Mas, sou um defensor da eleição. A conjuntura pode ser totalmente diferente de como estamos acostumados, esse novo normal influencia no contexto das escolhas políticas, mas, sobre a ida às urnas: ruim com ela - questão sanitária -, pior sem ela - processo democrático.

Victor Pinto é editor do BNews, jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura jornalística e na área administrativa de rádios em Salvador. 

Twitter: @victordojornal

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