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Mentiras como caminho

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Publicado em 05/10/2020, às 08h41   José Medrado


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Não é descabido dizer que sempre estamos com um pé atrás em se tratando de políticos e suas promessas, pois a habilidade de mentir de ter cara de pau, não atingindo a todos, mas, permitam-me, a maioria, é realmente autoevidente. Todavia, estamos vendo de um bom tempo para cá a perda da vergonha, em se mentir sem qualquer constrangimento, algo que está impulsionando, como se fosse possível, a criar alguma narrativa ilusória sobre os fatos reais. Até é possível por um tempo, mas sabe aquela de que “a mentira tem pernas curtas”? É fato, e mais cedo ou tarde ela se revela.

Em 2018 o presidente Trump, que tem se notabilizado por ser um contumaz mentiroso, afirmou, diante de líderes mundiais na ONU, que: “Em menos de dois anos, minha administração fez o que quase nenhuma outra tinha feito na história dos EUA”, provocando risadas na assembleia lotada. Nesse fim de semana, médicos que o acompanham tiveram que ajustar a divulgação do seu estado de saúde no tocante o uso de suplemento de oxigênio, o que havia sido negado, mas voltaram atrás. Todos já mentimos e o fazemos, mas quando a mentira é, repito, autoevidente e repetida demonstra, sem dúvida, raízes na expressão de algum desequilíbrio emocional, gerando consequências desagradáveis ou confusões desnecessárias.

Temos, assim, a mitomania, que é um transtorno, em que a pessoa mente compulsivamente. Tal hábito é difícil de ser controlado e muitas vezes não apresenta benefícios para a pessoa, o que a difere de um psicopata. O mentiroso compulsivo conta a mentira, ele realmente acredita nela, tornando-a uma memória real. Muitas vezes, a pessoa com esse transtorno busca na mentira um conforto ou consolo, uma compensação ao que queria, mas não tem, não aconteceu.

A pessoa com mitomania, no fundo, sabe que o que ela diz não é verdade. No entanto, ela continua a mentir compulsivamente porque tal ato lhe traz calma, em suas frustrações, mas sempre evidencia baixa autoestima, usando da mentira para ser aceita; tem grande carência por atenção, crendo que pela mentira vai se  manter em evidência; e geralmente, também, tem uma referência de mentiras, mentirosos que “se deram bem” em seus feitos.
Não banalizemos o aceitar mentiras, pois ela já está se tornando uma epidemia, levando, não muito longe, a ficarmos em dúvidas sobre tudo. Hoje se mente até para justificar uma mentira, são as deep fake, das fake.

Classificação Indicativa: Livre

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