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Sem debate, sem confronto, sem graça 

Imagem Sem debate, sem confronto, sem graça 
O debate é peça importante e serve além das peças gráficas bonitas, das imagens e vídeos “photoshopados” e bem alinhadas esteticamente das inserções eleitorais  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 12/10/2020, às 15h55   Victor Pinto


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O cancelamento dos debates nas emissoras de televisão é uma lástima. Por serem portadoras de concessões públicas teriam, na minha opinião, por obrigação promover esse tipo de encontro para o bem da política e, mais do que isso, para o pleno exercício da cidadania.

A esdrúxula desculpa de culpar a pandemia do novo coronavírus é questionável, pois tivemos o exemplo da Band Bahia que, com todo os protocolos possíveis, pode colocar a disposição do público eleitor um confronto de ideias, mesmo em um grau enfadonho. 

Mas chato ou não, o debate é uma peça importante e serve além das artes gráficas bonitas, das imagens e vídeos “photoshopados” e peças alinhadas esteticamente nas inserções eleitorais e do próprio programa eleitoral. Acompanhar uma eleição só por redes sociais incorre no risco de somente ser colocado disposto a nós, eleitores, aquilo que os marqueteiros e assessores querem que vejamos. 

Um debate é uma arena, é algo mais amplo, é quando a oratória do candidato que quer chegar no cargo máximo da política local tem que saber argumentar na bela prática da retórica e convencer o voto daquele indeciso, daquele seguidor na busca de formar sua opinião. 

Especificamente em Salvador, a recente notícia da não realização dos debates, tão esperados por todos nós - incluída a parte jornalística ávida por movimentos eleitorais - pela Record Bahia e pela TV Bahia, seguindo orientações nacionais, foi desanimadora. Tomara que a TVE Bahia e a Aratu não resolvam seguir a mesma linha e ajudem a salvar esse primeiro turno neste quesito.

Outras cidades como Conquista, Juazeiro, Itabuna e Feira de Santana também foram impactadas com a decisão, pois as afiliadas da Rede Bahia/TV Globo desistiram do programa. 

Isso só prejudica o processo. Se, de fato, fossem emissoras não realizadoras desse tipo de produção, menos mal, mas possuem tradição. Diante deste cenário encontrado, de uma eleição fria, distante, cujos meios assumem o protagonismo de exercer essa aproximação candidato/público, o debate, fosse a ele para o ar em qualquer semana, seria importantíssimo. As vezes nem tanto o “ao vivo” do programa em um dia e horário específicos que importasse, mas a repercussão vinda disso. 

Ainda sobre a Capital: soa estranho e abre margem para as teorias das conspirações, como eu ouvi de um candidato haver alguém por trás desses cancelamentos. Será? Quem seria? A não realização só tende a ajudar quem já está na frente. Bruno Reis lidera (DEM) as últimas pesquisas e tem a sua disposição a máquina pública do seu padrinho ACM Neto (DEM). Será que foi esse o nome que Isidório (Avante) e sua vice Eleusa Coronel (PSD), vice-líder nas pesquisas, quiseram acusar? 

Não quero crer nesse tipo de ilação, mas além das teorias ou do próprio “corona”, o formato ficaria desgastado com a quantidade de candidatos, mesmo aqueles convidados por força da lei. Isso não agradaria a “audiência” de massa e nem conquistaria patrocinador, como alguns outros políticos quiseram insinuar. Se com debate já estava ruim, sem debate ficará pior. 

Victor Pinto é editor do BNews, jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura jornalística e na área administrativa de rádios em Salvador. 

Twitter: @victordojornal

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