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Recados do Tio Sam

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Eleição dos Estados Unidos pode sinalizar um 2022 para o Brasil  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 03/11/2020, às 11h27   Victor Pinto


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Se faz necessário pararmos para analisar a situação eleitoral dos Estados Unidos, porque muito do que pode acontecer lá na disputa entre Joe Biden e Donald Trump, entre Democratas e Republicanos, respectivamente, deve repetir na eleição brasileira, daqui a dois anos, quando elegeremos ou reelegeremos o presidente da República.

Trump compõe sua narrativa e a pavimenta a cada dia com a tese da eleição fraudada e, por isso, deve colocar a disputa nos tribunais. Argumenta que há indícios de vício no envio dos votos dos americanos via correio. 

Vale lembrar que lá é um sistema eleitoral totalmente diferente do nosso, onde essa modalidade é permitida e, não necessariamente quem vence em número do público eleitoral geral vence a queda de braço, isso só acontece no colégio de delegados por Estado e seus 270 votos necessários. 

Sabedor de uma eventual derrota no conceito geral dos votos e no colégio de delegados, Trump já quer levar a situação para o tapetão. Uum clima de guerra civil paira o País ao ponto de lojas cobrirem suas sacadas de tapumes, universidades pedindo a estudantes que moram nas dependências que busquem estocar comida por uma semana, comércio de departamento retirando de vitrines e exposições armas e munições. Conflitos pesados, inclusive, em filas de votações.

Será que vamos no deparar, de fato, numa guerra civil pois pode não ser reconhecido o resultado das urnas? Devemos nos atentar.

É aguardado também o posicionamento da terra tupiniquim: Bolsonaro, caso a junta eleitoral conclua Biden como eleito, vai parabenizar o vencedor ou alimentará a narrativa de eleição fraudada de Trump, seu ídolo político? As relações exteriores estão de olho. 

Se depois disso tudo, até no tapetão, Trump nada conseguir, Bolsonaro ficará a ver navios caso se una ao possível ex-presidente norte americanos, como todas as pesquisas apontam. 

O recado do tio Sam resvala aqui, pois o comportamento do presidente agora pode sinalizar o mesmo em 2022. Para quem não lembra, Bolsonaro, sem provar nada, disse que a sua eleição em 2018 foi roubada, fraudada, pois ele teria sido eleito já no primeiro turno. Tenta tirar o crédito das urnas eletrônicas e coloca em xeque todo o processo de escolha da majoritária no Brasil.

Se tentar repetir a fórmula, agora mais próximo das hostes do poder, Bolsonaro pode até encontrar eco e a Justiça Eleitoral, prevejo, assim como fez há dois anos, dormirá sem reação. 

E esse mesmo recado do Tio Sam pode ser até uma "tweetada" de 280 caracteres curtida ou "retweetada" por cá que colocaria sérios riscos no nosso processo democrático.

Victor Pinto é editor do BNews, jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura jornalística e na área administrativa de rádios em Salvador. 

Twitter: @victordojornal

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