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Rui no meio da retaliação seletiva

Imagem Rui no meio da retaliação seletiva
Bnews - Divulgação

Publicado em 22/03/2021, às 08h12   Victor Pinto


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O presidente Jair Bolsonaro que, como diria Dona Bela da Escolinha do Professor Raimundo, só pensa naquilo (na eleição) começa destilar sua raiva seletiva àqueles que, de fato, possuem poder político para atrapalhar seus planos futuros. O presidente, que negligenciou a compra das vacinas desde quando a corrida pelo imunizante havia começado, só pensa em sua reeleição e conduz seu trabalho no inquilinato do Planalto em torno disso. 

Essa seletividade foi vista quando resolveu ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal que visa a suspender os efeitos das medidas restritivas impostas em alguns estados e, nesse rol, entra a Bahia, mais precisamente o governador Rui Costa (PT). O petista rebateu com firmeza ao dizer que essa medida mostra que Bolsonaro é aliado do vírus. 

Bem avaliado, com inserção no noticiário nacional, principalmente com sua atual relação com a Rússia na busca pela vacina Sputink V, Rui volta a ser alvo do presidente, assim como Doria, de São Paulo, foi quando correu com a vacina do Butatan - que o presidente afirmou que não compraria, e teve que engolir. Os governadores têm feito mais pelo País do que o próprio presidente. 

A pífia argumentação de que os governadores atuam de maneira inconstitucional com um “estado de sítio” viciado – uma vez que pela Constituição Federal isso só poderia ser aplicado pela presidência e com aval do Congresso - não cola. Como sabe que está de mãos atadas, pois o poder concorrente de ações diante da pandemia foi garantido pelo STF, mais uma vez Bolsonaro joga para plateia. 

Ele força, via Advocacia Geral da União, a uma narrativa jurídico política para alimentar o ódio dos seus seguidores contra os poderes constituídos. Esperem para ver a reação dele quando essa tentativa de retaliação aos governadores cair por terra. O discurso do “eu não posso fazer mais nada” será utilizado para tirar o corpo fora. 

O diálogo e o consenso em torno de um Plano Nacional de Imunização sólido, uma política de prevenção coordenada pela União junto aos estados e municípios seria um dever. Pelo contrário, só divisão, tom bélico e briga. A saúde do pobre que se exploda, como bem diria Justo Veríssimo, de Chico Anísio.  A história, com certeza, será implacável como foi com outros personagens políticos mundiais. O Brasil, fechado em sua redoma, celeiro de variantes, como alguns especialistas apontam, se tornando uma nação “leprosa” quando muitos não querem encostar, segue descendo a ladeira, como bem cantou Moraes Moreira, em suas relações internacionais, que dirá no solo do próprio País. 

Diria Eduardo Cunha, o golpista e presidiário: “Deus tenha misericórdia dessa nação”.

Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. Atua na cobertura jornalística e na área administrativa de rádios em Salvador. 

Twitter: @victordojornal

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