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Vacinação da imprensa: Inflexão do Ministério Público e o jogo contra de vozes potentes

Imagem Vacinação da imprensa: Inflexão do Ministério Público e o jogo contra de vozes potentes
Bnews - Divulgação

Publicado em 05/06/2021, às 14h23   Cintia Kelly


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O ideal seria um governo eficiente e responsável na aquisição de vacinas. Mas isso não aconteceu. Sabemos que vacina salva vida, salva empresas e comércios do fechamento, salva a manutenção do emprego de milhões  de pessoas. Mas o governo não teve essa consciência, embora tenha se pronunciado em cadeia de rádio e TV tentando convencer a população de sua preocupação com a vida e a economia. 

Mesmo com o bate cabeça governamental, o programa de imunização estabeleceu a vacinação por idade, comorbidades. E a vacina foi chegando (e continua assim) a conta gotas. Depois, categorias passaram a pleitear a inclusão no plano. Algumas conseguiram. A imprensa esteve noticiando, clamando a inclusão de classes mais vulneráveis. E continua clamando. Concomitantemente, a imprensa também pleiteou a vacinação. Depois de muita luta, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba) conseguiu. A alegria durou pouco. O Ministério Público decidiu embargar a vacinação e recomendou a prefeitura de Salvador e do interior a não cumprirem uma decisão da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). O Tribunal de Justiça da Bahia após o Sinjorba recorrer, não deu trela ao MP, que, inconformado, recorreu ao STF. Perseguição? Por qual motivo? Esse é um capítulo à parte e precisamos entender qual é a motivação real do MP para tentar limar a imprensa do processo de imunização por categoria. A imprensa, mais do que nunca, precisa escarafunchar o que está por trás da inflexão do parquet.

Aqui, quero reiterar o agradecimento ao Sinjorba. Agora, sinto-me motivada a participar financeiramente do sindicato que foi omisso anos atrás quando fui xingada, ofendida, desrespeitada por um deputado estadual incomodado com matérias que contrariam seus interesses. Os impropérios decerto continuam nos anais da Assembleia Legislativa.

Além do Sinjorba, agradeço ao apresentador José Eduardo que usou a sua voz potente no rádio e na TV para defender a vacinação dos profissionais de comunicação. Por outro lado, sinto muito pelo silêncio de outras vozes potentes que preferiram tergiversar, calar diante de um pleito legítimo de colegas ou jogar contra a categoria. Em toda classe há sempre um alecrim dourado.

Enquanto o imbróglio da vacinação de jornalistas está no Supremo Tribunal Federal (STF), por ora, os profissionais com 40 anos ou mais seguem sendo vacinados. 

Aos que optaram jogar pra plateia ao se posicionar  contra a nossa vacinação, só posso dizer que continuaremos - eu como apresentadora de um programa de rádio, como colegas de site, jornal e TV - dando espaço a todos aqueles que são vulneráveis e querem tão logo a vacina. Continuaremos como sempre estivemos, vacinados ou não: sendo voz, ouvidos e olhos de uma sociedade, mesmo essa sociedade, muitas vezes, se colocando contra a imprensa.

Cintia Kelly é jornalista e apresentadora do Direto ao Ponto da Nazaré FM

Classificação Indicativa: Livre

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