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Tem muita Bahia na articulação política do Brasil

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Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 14/06/2021, às 07h00   Victor Pinto


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A Bahia tem retomado nos últimos anos um protagonismo que há tempos não se via no cenário da política nacional. Agentes do Estado estão em evidência seja no Executivo, no Legislativo ou até fora do campo dos eleitos nas articulações eleitorais. 

O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), desde quando assumiu a presidência nacional da sigla despontou no noticiário repetida vezes. Seja pelas repercussões de polêmicas que envolvem o partido em orientações e votações ou por buscar interferir no próximo processo presidencial de outubro do ano que vem. A briga com o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia deixou recorrente esse holofote. Assim como a briga com seu ex-chefe de gabinete, João Roma. Mas volta e meia o DEM aparece, como em recente edição da Veja que aponta a agremiação cortejada para indicar o vice de alguns candidatos. 

Neste cenário, na esteira, entra Roma. A contragosto de Neto, até que se prove o contrário, o deputado federal licenciado assumiu o ministério da Cidadania do governo Bolsonaro. Uma das pastas mais importantes da gestão, dona de orçamento invejável e gestora de um programa que afeta as camadas mais populares do Brasil, de onde se obtém dividendos políticos: o Bolsa Família. O pernambucano agora é cotado ao governo da Bahia, quiçá vice presidenciável. 

O protagonismo na Câmara Federal, apesar do último baiano ter sentado na cadeira de presidente ter sido o finado Luís Eduardo Magalhães entre 1993 e 1995, o nome de Elmar Nascimento (DEM) chegou a ser cogitado, numa falsa esperança, para suceder a Maia. Articulou por Lira (PP-AL) e tem tido diálogo intenso com o Centrão junto ao governo Federal. Relatou, recentemente, a MP da privatização da Eletrobras e detém indicações importantes na Codevasf, mesmo caminho de Arthur Maia (DEM), relator do projeto da Reforma Administrativa. 

No Senado, após a passagem histórica de Antônio Carlos Magalhães, outros nomes surgem. Na CPMI das Fake News temos Coronel (PSD) na presidência e a ex senadora e deputada Lídice da Mata (PSB) na relatoria. Antes da pandemia, o colegiado tinha repercussão garantida em todo o Brasil. Agora, na CPI da Pandemia, temos o senador Otto Alencar (PSD), cujo nome, ao lado de Tasso Jereissati (PSDB-CE), batiza o grupo da oposição ao governo Bolsonaro. O ex-governador da Bahia tem sido protagonista em suas intervenções políticas e técnicas. Cresceu, justamente, em um período estratégico: na boca de uma eleição a qual tenta buscar reeleição. 

No âmbito petista, o governador Rui Costa (PT) quando esteve à frente do Consórcio do Nordeste foi o porta estandarte da oposição ao bolsonarismo e, nos bastidores, com a ativação do fator Lula (PT), o senador Jaques Wagner (PT), que vai buscar o Palácio de Ondina, tem o seu quinhão de influência no cenário nacional.  

Mais registros de quadros baianos: no marketing, mexendo no tabuleiro, João Santana, marqueteiro filho de Tucano, interior da Bahia. Apesar do turbilhão que passou, topou a parada de voltar a “marquetagem” eleitoral ao tentar conduzir Ciro Gomes (PDT) ao Planalto. No campo jurídico o registro fica a Augusto Aras, saído das terras soteropolitanas diretamente a Procuradoria Geral da República (PGR). 

Nome fora da relação direta Planalto/Congresso, Imbassahy, que foi o único baiano a integrar o ministério de Michel Temer, hoje tem influência pelas bandas de São Paulo. Representante do governo paulista em Brasília, demonstra afinidade e bom trânsito no Estado mais rico e o maior colégio eleitoral do País.  

Esses são alguns nomes, para devido registro histórico atual, quando me vem na cabeça o nome Bahia, maior Estado do Nordeste, quarto maior colégio eleitoral brasileiro, celeiro da cultura e, principalmente, da política. Resta saber se esse cenário tende a mudar depois da ida futura às urnas.

* Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

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