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Lutamos por equidade e proporcionalidade, diz executiva da Suzano

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Bnews - Divulgação

Publicado em 17/06/2021, às 12h14   Mariana Lisbôa


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“Veja bem, MENINA!” Quem de nós já não ouviu uma dessas? Para alguns, pode até soar como elogio: “Ah, mas você parece tão novinha…” Na verdade, o que se assemelha a um elogio, denuncia uma estrutura social machista, que tenta, além de apagar nossa individualidade, infantilizar a mulher e deslegitimar nosso trabalho e liderança. Sem falar no sem número de vezes em que, ao chegarmos a uma reunião importante, somos questionadas: “Quem veio com você?”. Sim, ainda causa estranheza uma mulher encabeçar uma discussão relevante. Se a mulher não tiver perdido suas supostas “características femininas”, o “susto” é ainda maior. Nossa sociedade patriarcal não está acostumada a mulheres “de saia” nos centros de poder. Para sermos aceitas, não raro nos vemos inconscientemente incorporando hábitos masculinos, seja na forma de nos vestirmos ou de nos comunicarmos.

Tenho mais de 20 anos de atuação profissional, trabalhando em escritórios de advocacia, na representação institucional de grandes empresas e na liderança de projetos de parceria entre o setor público e privado, tanto em pequenos municípios quanto na esfera federal e internacional. E, nestes 20 anos, uma realidade se repete insistentemente: a falta de representatividade feminina nos núcleos de poder e de tomada de decisão. Apesar de sermos mais de 50% da população brasileira, ocupamos apenas 15% das cadeiras do Congresso Nacional, 12% dos cargos de prefeito, 14% das funções de diretoria e 3% das de CEO considerando as 250 maiores empresas do País. Ambientes masculinos que, muitas vezes, nos constrangem e bloqueiam, justamente porque nos vemos sozinhas e intimidadas por uma barreira invisível, difícil de ser combatida porque, pela sua sutileza, é também difícil de ser identificada.

Mas, apesar dos enormes desafios, é preciso resistir...e insistir. Estamos vivendo um momento em que as Companhias são cada vez mais exigidas pelos resultados que geram não apenas para seus acionistas, mas também para seus colaboradores e para a sociedade. Daí que a inclusão de mulheres em cargos de liderança deixa de ser uma questão meramente teórica e passa a impactar financeiramente o negócio, na medida em que investidores têm buscado por empresas que priorizam boas práticas e incorporam os pilares ESG (Environmental, Social and Governance) nos seus processos e tomadas de decisão, sigla cujo “S” remete exatamente, dentre outras ações, à criação de políticas afirmativas de estímulo à diversidade e inclusão.

Não queremos ser “elogiadas”. Queremos ser respeitadas, valorizadas e nos sentir representadas nos centros de poder. Lutamos por equidade e proporcionalidade! Uma luta na qual, como sociedade, estou certa de que todos ganharemos.

*Mariana Lisbôa é advogada e Executiva Global de Relações Corporativas da Suzano S/A

Classificação Indicativa: Livre

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