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Mundo perdido?

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Bnews - Divulgação

Publicado em 19/07/2021, às 10h49   José Medrado


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Faz umas duas décadas, pelo menos, que meu pai conversava com um colega meu dos idos do Colégio da Polícia Militar, aconselhando-o. Cheguei para perto, a fim de ouvir que conversa animada era aquela, e pude escutar o velho Arlindo dizendo: - É isto, meu filho, mesmo que sua mulher pegue você sem as calças, negue. Negue sempre. Negue, Entendeu? Mesmo rindo, esse meu amigo estava atento. Diante do malfadado conselho, reclamei, indignado: - Meu pai, o que é isto?!! Que conselhos são estes. Ao que ele sorriu, e disse que eu ficasse com os meus espíritos. 

Hoje vejo que o velho motorista de ônibus e taxista estava ensinando a se ter narrativas, tão à moda nos dias atuais. A narrativa consiste em você dar a sua versão dos fatos, não se importando com a veracidade deles, se é verdade ou não. A dos fatos. Mesmo nos dias atuais se tendo registro de tudo em vídeo, fotos...nada disto importa. Firme a sua história, defenda-a e gere a dúvida, haja vista que a preguiça mental que tem dominado o mundo moderno não fará, em geral, pessoa alguma ir checar, confrontar, averiguar a sua versão, a sua narrativa. Tem-se chegado ao ponto, quando não há como negar o fato, de simular um desfecho sem o dano a negar. Tipo: o cônjuge com quem você vive, foi filmado entrando em um motel, você toma conhecimento, confronta, mas a pessoa afirma, não consumei coisa alguma, não traí você. Pronto!

Os políticos estão se refestelando com essa tal narrativa. Tudo é explicável, dentro do interesse, sem qualquer prurido de constrangimento. A pessoa cidadã, que busca viver a sua vida nos princípios da correção, no tal “ter o nome limpo” se toma de uma indignação sem quaisquer perspectivas de alívio, pois, seguramente, esta geração que se encontra aí, nós todos, não tem solução de melhora, haja vista o clima cada vez maior de impunidade que grassa em nosso País. Confio, no entanto, nos jovens, mas os que ainda são crianças, pois tenho visto essa geraçãozinha já pontuando, chamando a atenção de seus pais, dos adultos acerca de questões de ética, meio ambiente...e tais. Não sei se isso é pessimismo ou convicção de situação, mas, realmente, não vejo jeito a curto e médio prazo para a nossa cultura. Por outro lado, animo-me com essa tal luzinha do fim do túnel, essa da garotada que chama, repito, a atenção de seus pais para o certo. Vamos ver. 

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